A cidade que respira fé e nos últimos anos se transformou com a presença de romeiros de todo o País vive um vazio nunca imaginado. O Santuário de Santa Paulina, na cidade de Nova Trento, está desde sábado passado com os acessos obstruídos. A religiosidade deu lugar a um deserto. Construído após a santificação de Amábile Lúcia Visintainer, em 2002, o santuário, no alto de um dos morros do bairro Vígolo, sofreu dois incidentes com a chuva. Um deles está bem visível para quem chega ao local: o desmoronamento de parte do barranco que abriga a grande igreja, uma obra de R$ 13 milhões. Não houve comprometimento da estrutura, mas a área afetada terá de ser refeita. A segunda conseqüência da enxurrada foi o deslizamento de terra sobre o banheiro público, na entrada do Santuário. A terra invadiu os fundos do espaço e a parede toda caiu. No sábado à tarde, quando ocorreu a destruição, oito ônibus lotados de fiéis tinham acabado de ir embora. Funcionários disseram que certamente poderia ter ocorrido uma tragédia. Para eles, isso só ocorreu "por uma intervenção de Santa Paulina". "Se ela estivesse aqui estaria com o pé no barro, ajudando a salvar vidas, visitando casas e atendendo a toda comunidade afetada com sua solidariedade", afirmou a irmã Egnalda Rocha Pereira. PERDAS As irmãzinhas da Congregação da Imaculada Conceição, que administram o santuário, vão iniciar uma campanha de doação de alimentos, colchões e roupas para atender os atingidos. A chuva piorou a estrada de acesso, que está esburacada. A SC-411, que leva a Nova Trento, está com os dois pontos de ligação interditados e é preciso pegar desvios para chegar ou sair do município, um dos que decretaram estado de calamidade. A prefeita Sandra Regina Eccel reconhece que a religiosidade é o principal meio de giro econômico da população e diz que houve perdas de R$ 3 milhões na cidade. As 500 famílias atingidas estão na casa de parentes.