Os resultados da avaliação por Estados feita pelo Ministério da Educação com base nos dados do Pisa 2009 mostram que São Paulo subiu do 11.º para o 7.º lugar entre as 27 unidades da federação. Se não é tão ruim quanto há três anos, quando perdia para Estados como Paraíba e Sergipe, o resultado está longe de refletir o poderio econômico paulista. O Estado melhorou nas três áreas avaliadas e está acima da média brasileira em todas. No Pisa 2006, perdia em ciência e leitura e igualava em matemática. "Houve uma melhora, mas estamos evitando comparações porque a amostra deste ano está mais bem dimensionada, o que pode causar distorções", disse o ministro da Educação, Fernando Haddad. Em 2006, o governo paulista alegou que havia erro, porque a margem de erro da amostra em São Paulo era menor que em outros Estados. Correções feitas, o Estado melhorou. Mas ainda perde para toda a Região Sul, Minas Gerais, Distrito Federal e Espírito Santo. A boa colocação dos Estados do Sul, que têm uma tradição de ensino mais qualificado, assim como o campeão Distrito Federal, não surpreende. No entanto, Minas Gerais, um Estado mais problemático por conta das desigualdades internas e mais pobre que São Paulo, surge com um resultado melhor e pode servir como um espelho desagradável para os paulistas. Para o secretário estadual, Paulo Renato Souza, os resultados são motivo de comemoração. "O desempenho é fruto de políticas focadas na aprendizagem, envolvendo currículo, novas metodologias de avaliação e valorização dos profissionais, por meio de medidas como os bônus de resultados", afirmou o ex-ministro ao Estado. Sobre São Paulo aparecer abaixo dos Estados do Sul e de outros do Sudeste, Paulo Renato destaca o tamanho da rede paulista e a heterogeneidade econômica como os principais fatores de impacto. "Nossa rede é muito grande. Além disso, os Estados do Sul do Brasil são socialmente homogêneos", explica o secretário. "Já no caso de Minas Gerais, eles começaram reformas educacionais antes de São Paulo."Diferenças. Na parte de baixo do ranking, também não há muitas surpresas. O Maranhão, que em 2006 era o último colocado, teve resultados muito melhores em 2009. Aumentou, por exemplo, em 43 pontos sua média em leitura - o que revelaria mais um problema de amostra, segundo o ministro, que uma evolução verdadeira. Mesmo assim, passou apenas para o penúltimo lugar, ganhando de Alagoas, que piorou em leitura e ciências. Dez Estados conseguiram ultrapassar a média nacional geral do Pisa, que é de 401 pontos. O campeão, Distrito Federal, alcançou 439 pontos e mantém a distância do resto do País, ainda que a diferença tenha diminuído. Em 2006, o DF estava 61 pontos acima da média brasileira. Nesses três anos, o Brasil melhorou mais rápido e o DF ainda caiu 6 pontos em matemática. Outras duas unidades da federação também caíram nessa área: Sergipe e Santa Catarina. Sete - Alagoas, Amapá, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e Roraima - pioraram em ciência. Apenas Alagoas piorou em leitura. Para a presidente-interina do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e secretária de Educação do Acre, Maria Corrêa da Silva, as diferenças entre Estados são decorrentes de defasagem histórica. "É injusto cobrar do Norte e Nordeste um desempenho compatível ao do Sudeste e do Sul, que receberam mais investimentos durante muito tempo. As mudanças qualitativas em educação demoram a aparecer", explica.