Acuado pela nova queda de popularidade e por recentes escândalos envolvendo o ministro da Cultura, Frédéric Mitterrand, e seu filho, Jean Sarkozy, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, voltou a elevar o tom contra a imigração e em defesa do que chama "identidade nacional". Tentando reconquistar a opinião pública a seis meses das eleições regionais, o governo anunciou a criação de um "grande debate" sobre identidade nacional, educação cívica, uso da burca e política imigratória.Os temas serão debatidos em reuniões na Assembleia Nacional, no Senado e no Parlamento Europeu até o início de 2010. Entre janeiro e fevereiro, um congresso será realizado para extrair das discussões novas políticas públicas. O anúncio foi feito pelo ministro da Imigração e da Identidade Nacional, Eric Besson. Segundo ele, o governo organizará reuniões sobre temas como "ser francês" e "valores nacionais". "É preciso reafirmar os valores da identidade nacional e o orgulho de ser francês", disse Besson.Entre as medidas em estudo, denunciadas pela oposição por seu cunho populista e de extrema direita, estão a criação de um curso de cidadania para adultos e a obrigação de os jovens cantarem o hino nacional ao menos uma vez por ano. Besson também garantiu que o debate sobre a proibição do uso da burca muçulmana seguirá, porque a veste é "inaceitável e contrária aos valores da identidade nacional". Os voos de expulsão de estrangeiros ilegais, afirmou Besson, também serão mantidos, mesmo envolvendo imigrantes oriundos de países em guerra, como o Afeganistão. Nos últimos dias, nove afegãos foram deportados, reabrindo a polêmica sobre o desrespeito aos direitos de asilo na França. O ministro também garante que expulsará 27 mil estrangeiros em situação ilegal em 2009. A ofensiva visa a recuperar o apoio da extrema direita e retoma uma das promessas mais polêmicas da campanha de Sarkozy à presidência, em 2007, quando ele roubou votos da Frente Nacional, partido de Jean-Marie Le Pen, adotando temas importantes para o eleitorado ultraconservador. Com a popularidade em baixa - apenas 42% aprovam seu governo, enquanto 54% reprovam -, Sarkozy tenta reorganizar seu partido, a União por um Movimento Popular (UMP), já pensando nas eleições regionais marcadas para março de 2010, consideradas uma prévia da votação presidencial de 2012.