Secretário municipal critica ação na Cracolândia

PUBLICIDADE

Por BEATRIZ BULLA E ARTUR RODRIGUES
2 min de leitura

Em média três traficantes são presos por dia na região da Cracolândia, no centro da cidade, de acordo com o Secretário Municipal de Segurança Urbana de São Paulo, Roberto Porto. As prisões têm acontecido, de acordo com ele, sem a necessidade de ações de grande dimensão, como a realizada nesta quinta-feira, 23, por policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil.A atuação dos policiais do Denarc nesta quinta, registrada por repórteres do jornal O Estado de S.Paulo, mostrou que foram usadas bombas de efeito moral no local onde se concentravam dependentes. A justificativa usada foi a prisão de traficantes que atuavam na região. Hoje, o secretário municipal de segurança afirmou que "ninguém pode ser contra" a prisão de traficantes, mas apontou que "nada justifica a ação" vista. "Nós temos em média três prisões por dia de traficantes no local, sem qualquer problema dessa natureza, desse porte. Ninguém aqui é contra ação contra o tráfico de drogas, o que não se pode é ganhar a dimensão como foi ontem", afirmou. Porto estava no local no momento da intervenção e foi surpreendido pela ação dos policiais.Ele explicou que a prisão dos traficantes tem sido feita com um trabalho de inteligência da polícia militar. "Temos em média três prisões por dia inclusive com grande quantidade de pedras de crack. O trabalho da polícia militar tem sido brilhante, a guarda (civil) tem acompanhado, tem pactuado com eles. Tudo vinha na mais absoluta ordem."De acordo com Porto, o secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Grella, não detalhou na conversa que tiveram se já tinha conhecimento da ação ou não. A relação com Grella, contudo, foi definida pelo secretário municipal como "a melhor possível". "A interlocução diária é com a polícia militar, ela continua no local atuando junto conosco, as prisões tem sido feitas diariamente sem nenhum entrevero", disse Porto.O secretário disse que os dependentes que aderiram ao programa se mostraram revoltados com a ação do Denarc e com preocupação quanto à continuação do programa da Prefeitura. "Nós acalmamos, dissemos que o programa continua firme", completou. Ele evitou fazer avaliações sobre o trabalho da polícia civil, dizendo apesar que considera "exagerada" e que "tinha um tom de revide". "Cabe ao governo do Estado analisar a atuação da polícia civil. A questão da apuração da conduta daqueles profissionais cabe ao governo do Estado e não ao município", afirmou.Bala de borrachaO Denarc negou uso de balas de borracha. Porto, nesta manhã, afirmou que pessoas foram atendidas relatando terem sido atingidas por balas de borracha e disse ter presenciado policiais portando a arma. "Presenciei policiais com a arma que dispara bala de borracha. Se não tinha munição, se era só para intimidar, cabe agora a uma apuração do governo do Estado", disse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.