Lideranças do Senado protocolaram uma representação no Ministério Público, nesta terça-feira, pedindo a apuração de possível "omissão" do ministro da Fazenda, Guido Mantega, diante de denúncias de supostas irregularidades na Casa da Moeda. A representação, assinada pelos líderes no Senado Demóstenes Torres (DEM-GO), Alvaro Dias (PSDB-PR) e Randolph Rodrigues (PSOL-AP), pede que o MP investigue se houve indício de improbidade administrativa de Mantega ao não demitir o ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci, mesmo após receber denúncias contra o auxiliar. O senador Pedro Taques (PDT-MT), da base governista, também assinou a representação. "Estamos pedindo para investigar se houve omissão do ministro em não demitir o presidente da Casa da Moeda", disse Demóstenes à Reuters. "Ao tomar conhecimento dos problemas, o ministro não tomou providências... pedimos que o Ministério Público o processe por improbidade." Além da representação, a oposição deve insistir em levar o ministro ao Congresso Nacional para explicar as denúncias. Há requerimentos de convite e convocação a Mantega na Câmara e no Senado prontos para serem votados. Um deles deixou de ser apreciado nesta terça-feira na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado por falta de quórum. O mesmo ocorreu na Comissão Mista de Orçamento (CMO) na semana passada. A votação do requerimento na CMO, adiada por ausência de número mínimo de integrantes, pode ser retomada nesta tarde. "Continuaremos trabalhando com os requerimentos para ouvir os depoimentos tanto no Senado quanto na Câmara", garantiu o líder tucano Alvaro Dias. Denucci teria aberto "offshores" em paraíso fiscal que teriam recebido 25 milhões de dólares de empresas que seriam fornecedoras da Casa da Moeda, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo. O jornal também publicou notícia segundo a qual o ministro teria mantido o titular da Casa da Moeda mesmo depois de ser avisado que Denucci estava sendo investigado pela Receita e pela Polícia Federal. De acordo com o ministro, a indicação de Denucci partiu do PTB. Mas segundo a Folha, o deputado cassado Roberto Jefferson disse que Denucci foi apadrinhado pelo PTB por um pedido do ministro. Mantega afirmou que o PTB vinha pressionando pela substituição de Denucci por meio de acusações que ele considerou sem fundamentos. O ministro teria aconselhado o partido a entrar na Justiça, o que não ocorreu. O ministro também procurou desvincular a demissão do ex-auxiliar da onda de denúncias. (Reportagem de Maria Carolina Marcello)