Os funcionários do sistema de transporte público da França decidiram permanecer em greve durante a quinta-feira, após um primeiro dia de paralisação marcado por uma situação caótica nas principais cidades do país. O protesto contra os planos do governo francês de reformar o regime de aposentadorias especiais do setor contou com o apoio dos funcionários estatais de gás e eletricidade, que também são afetados pela medida e decidiram entrar em greve. Diferentemente da paralisação realizada em 18 de outubro, a nova greve ocorre por tempo indeterminado. Muitos já comparam a paralisação atual à grande greve de 1995, que deixou a França sem transportes durante várias semanas. Apesar da manutenção da greve, os sindicatos e o governo deram início a novas negociações para tentar encontrar uma solução para o impasse. As autoridades francesas insistem, no entanto, que não aceitam mudar o plano de reforma. Com o início da greve, nesta quarta-feira, milhões de pessoas enfrentaram dificuldades para chegar ao trabalho, e o excesso de veículos causou centenas de quilômetros de congestionamento nas estradas que ligam a periferia à capital, Paris. Trens regionais circularam em ritmo de conta-gotas durante a manhã, linhas suburbanas foram canceladas e apenas 12% dos TGVs, os trens de grande velocidade, circularam. Em Paris, só 20% dos trens do metrô e 15% dos ônibus funcionaram normalmente, mas o Eurostar - que liga a França à Grã-Bretanha - não foi afetado pela paralisação. Os ferroviários e metroviários protestam contra a reforma que prevê o aumento do tempo de contribuição dos atuais 37,5 anos para 40 anos de trabalho. O governo se diz disposto a negociar, mas vem reiterando que esse ponto da reforma "não está aberto a discussões". O presidente francês, Nicolas Sarkozy, quer equiparar o sistema de aposentadorias especiais da categoria ao dos outros servidores públicos, que - depois de outra reforma aprovada em 2003 - passaram a ter de trabalhar 40 anos antes de se aposentar, como no setor privado. A grande maioria dos franceses se opõe à greve do setor de transportes: quase 70% não querem que o governo ceda às reivindicações, segundo a pesquisa conduzida pela empresa OpinionWay e publicada pelo jornal Le Figaro. Algumas associações realizaram até mesmo protestos nas estações de trem contra a greve. A direção da estatal ferroviária SNCF prevê distúrbios pelo menos até o fim de semana, já que, quando os trens ficam parados, é necessário realizar trabalhos de manutenção. Além da paralisação do sistema público de transportes e das estatais de gás e eletricidade, estudantes universitários também estão em greve para protestar contra outra reforma, a que prevê a autonomia financeira e administrativa das faculdades. O movimento vem ganhando força nos últimos dias. Cerca de 20 universidades, de um total de 85, estão parcialmente ou totalmente paralisadas. A nova lei prevê, por exemplo, que as faculdades possam realizar parcerias com empresas, o que os estudantes consideram uma "privatização" do ensino superior. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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