Ativistas da oposição na Síria disseram que forças leais ao presidente Bashar al-Assad retomaram neste sábado os grandes bombardeios a importantes cidades, minando ainda mais uma trégua que deveria marcar o feriado religioso muçulmano Eid al-Adha, ou "Festa do Sacrifício". Os bombardeios ocorreram no segundo dia de trégua pedida pelo enviado de paz Lakhdar Brahimi, que esperava usar a calmaria para abrir uma brecha para encerrar o conflito, que já dura 19 meses e matou cerca de 32 mil pessoas. "O Exército começou a fazer disparos de morteiros às 7 horas. Contei 15 explosões em uma hora, e já temos dois civis mortos", disse Mohammed Doumany, um ativista do bairro de Douma, nos subúrbios de Damasco, onde estão localizados redutos rebeldes. "Não consigo ver diferença de antes da trégua para agora", afirmou. Tiros de maquinário pesado e sons de disparos de morteiros podiam ser ouvidos pelo segundo dia consecutivo na fronteira com a Turquia, perto da cidade síria de Haram, disse uma testemunha da Reuters. Ativistas na cidade de Deir al-Zor, no leste do país, e em Aleppo, onde rebeldes controlam quase metade da cidade mais populosa da nação, afirmaram que bombas de morteiros estavam sendo disparadas contra regiões residenciais. Moradores de Damasco publicaram vídeos de caças que, segundo eles, bombardeavam os subúrbios de Erbin e Harasta. O Exército sírio afirmou que respondeu a ataques feitos por insurgentes a suas posições na sexta-feira, de acordo com um anúncio anterior que assegurava um cessar-fogo durante o feriado, mas se reservava no direito de reagir a ações rebeldes. Um comunicado do Comando Geral das Forças Armadas detalhou várias violações do cessar-fogo, no qual afirmou que "terroristas" dispararam contra postos de controle e bombardearam uma patrulha da polícia militar em Aleppo. Mais de 150 pessoas morreram na sexta-feira, afirmou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma organização de oposição com sede britânica e que tem uma rede de fontes dentro da Síria. A maioria dos mortos foi atingida por disparos de atiradores de elite ou em confrontos, afirmou o Observatório, realçando uma queda temporária na intensidade da guerra civil, na qual as forças de Assad têm conduzido bombardeios aéreos diários e disparos de artilharia na maioria das cidades. No total, 43 soldados foram mortos em emboscadas e nos confrontos, disse o Observatório, enquanto a TV estatal informou que um carro-bomba explodiu em Damasco, matando cinco pessoas. (Reportagem de Oliver Holmes, Mert Ozkan em Besaslan, Gleb Bryanski em Moscou e Khaled Yacoub Oweis em Amã)