A Síria disse nesta quarta-feira que o comando militar do país ainda está estudando uma proposta de cessar-fogo com os rebeldes durante o feriado islâmico do Eid al Adha. A informação contraria declaração anterior do mediador internacional Lakhdar Brahimi, segundo quem Damasco havia concordado com uma trégua. Os rebeldes que há 19 meses lutam para derrubar o regime de Bashar al-Assad não se manifestaram sobre a proposta de cessar-fogo. Uma tentativa anterior, em abril, fracassou em poucos dias, em meio a acusações mútuas de violações. Brahimi, enviado especial da Liga Árabe e da ONU para a questão síria, reuniu-se no fim de semana com Assad em Damasco, e disse que o governo local havia acatado a sugestão de trégua durante o Eid. Mas, menos de uma hora depois, a chancelaria síria disse que a questão ainda está sendo estudada pela cúpula militar. "A posição final acerca dessa questão será anunciada amanhã", disse nota do ministério. O feriado começa na quinta-feira e dura três ou quatro dias. Brahimi não especificou o período exato em que a trégua deveria vigorar. Sua iniciativa tampouco prevê a presença de observadores internacionais, e fontes rebeldes haviam dito anteriormente à Reuters que a trégua não faria sentido se não pudesse ser fiscalizada. Os dois lados continuam travando uma importante batalha no noroeste da Síria. Aviões militares bombardearam na quarta-feira a estratégia cidade de Maarat al Numan e aldeias próximas, e os rebeldes cercaram um quartel a leste de lá, segundo um ativista que monitora a situação. Cinco pessoas da mesma família, incluindo uma criança e uma mulher, foram mortas nos bombardeios, de acordo com Rami Abdelrahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha. Maarat al Numan está sob controle dos rebeldes, o que na prática interrompe o tráfego na rodovia que liga as duas maiores cidades do país, Damasco e Aleppo. Mas, sem controlar a vizinha base militar de Wadi al Daif, os controle dos rebeldes sobre a rodovia é tênue. Sua captura seria um passo significativo rumo à criação de uma "zona segura" que permitiria aos rebeldes voltarem suas atenções para redutos do governo no sul do país. Os rebeldes dizem que a ferocidade do contra-ataque governamental mostra a importância do quartel para a estratégia militar de Assad. O mediador internacional Brahimi disse que o governo sírio tinha concordado com o cessar-fogo e que a decisão seria anunciada oficialmente pelo governo em breve. "Após a visita que fiz a Damasco, há um acordo do governo sírio para um cessar-fogo durante o Eid", disse Brahimi em entrevista coletiva na sede da Liga Árabe, no Cairo. (Reportagem de Marwan Makdesi em Damasco; Oliver Holmes em Beirut; Erika Solomon em Atiha; Yasmine Saleh e Tom Perry no Cairo; e Steve Gutterman em Moscow)