O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do atual primeiro-ministro José Luis Rodriguez Zapatero, venceu as eleições gerais na Espanha, em um pleito que deixou o Parlamento espanhol ainda mais dominado pelos dois principais partidos políticos do país. Tanto o PSOE quanto seu principal rival, o conservador Partido Popular (PP), conquistaram mais cadeiras na Câmara baixa que nas últimas eleições, em 2004. Os socialistas terão agora 169 deputados no Congresso de 350 membros - sete a menos que os 176 que garantiriam a maioria absoluta - e os conservadores, 153. Nas eleições que renovaram 208 das 264 cadeiras do Senado, os conservadores tiveram melhor desempenho que os socialistas. O PP conquistou 101 senadores, um a menos que nas eleições de 2004, enquanto o PSOE conquistou 89, oito a mais que há quatro anos. Os 56 senadores restantes são escolhidos por voto indireto de assembléias das 17 regiões autônomas da Espanha. Os resultados indicam que o PSOE terá de fazer alianças para governar. Ainda assim, o repórter de política européia da BBC Jonny Dymond disse que os socialistas foram às eleições "temendo o pior e terminaram comemorando e dançando noite adentro". Correspondentes notaram que os 35 milhões de eleitores espanhóis deram sinal verde para que o PSOE leve adiante suas reformas sociais, ignorando as tentativas do PP de culpar o partido rival pela desaceleração econômica e uma suposta crise migratória no país. O primeiro-ministro espanhol agradeceu aos simpatizantes pela concessão de uma "vitória clara" nas eleições e prometeu governar buscar unificar o país. "Quero abrir uma etapa que fuja da confrontação e busque o acordo nos assuntos de Estado", discursou Zapatero a partidários do PSOE reunidos em frente à sede do partido, em Madri. "Governarei para todos, mas pensando antes nos que não têm tudo." Comparecimento A votação do domingo repetiu o alto comparecimento da anterior: atraiu 75,3% dos eleitores, pouco menos que a porcentagem de 75,6% de 2004. Analistas vinham afirmando que a alta taxa de votação beneficiaria os socialistas, como ocorreu em 2004, quando os eleitores foram às urnas em massa para penalizar uma tentativa do PP de capitalizar votos em cima dos atentados em Madri, que deixaram quase 200 mortos. Durante esta campanha, o PSOE ressaltou suas reformas liberais que incluem uma lei de igualdade entre os sexos, casamento homossexual e a facilitação do divórcio. O partido também comprou briga com a conservadora cúpula da Igreja Católica em torno de um projeto de lei para legalizar o aborto. A campanha do PP procurou bater no rival, responsabilizando os socialistas pela desaceleração econômica após uma década de crescimento econômico. A inflação e o desemprego atingiram o nível mais alto em dez anos, e o mercado imobiliário sentiu os efeitos da crise de crédito originada nos Estados Unidos. Entretanto, dizem correspondentes, os eleitores entenderam que estes problemas são globais e afetam toda a Europa. Outros temas visíveis nestas eleições foram a imigração e o terrorismo. Os conservadores acusaram os socialistas de ineficiência diante do que consideram uma "crise migratória" e da retomada de ações extremistas do grupo basco ETA. Na sexta-feira, um ex-vereador socialista, Isaías Carrasco, foi morto no País Basco, no norte da Espanha, em uma ação que as autoridades atribuem ao ETA - nenhuma organização reivindicou a autoria do atentado. Para Zapatero, o assassinato foi uma tentativa de interferir no resultado eleitoral. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.