Soldados malineses apoiados por franceses vasculharam casa por casa de Gao e Timbuktu nesta terça-feira, descobrindo armas e explosivos abandonados por combatentes islâmicos, e a França disse que iria transferir as operações de segurança de longo prazo para as tropas africanas. Soldados malineses e franceses retomaram as duas cidades do Saara, no norte do Mali, praticamente sem oposição durante o final de semana, depois de uma ofensiva liderada pelos franceses que durou 18 dias e empurrou os militantes aliados da Al Qaeda de volta para esconderijos no deserto e nas montanhas. Soldados do governo malinês vasculharam as cidades ao longo do rio Níger e seus bairros de ruelas empoeiradas e casas de barro. Em Gao, prenderam pelo menos cinco supostos rebeldes islâmicos e simpatizantes, entregues pelo povo local, e descobriram esconderijos de armas e dinheiro falso. Os moradores relataram saques em lojas de árabes e tuaregues no Timbuktu, suspeitos de terem ajudado os islamistas que ocuparam a famosa sede de aprendizado islâmico, patrimônio mundial da Unesco, desde o ano passado. Combatentes islâmicos fugitivos incendiaram uma biblioteca de Timbuktu que abrigava manuscritos antigos inestimáveis, danificando muitos. Fontes do exército malinês disseram à Reuters que grupos de combatentes islâmicos armados, a pé para evitar os bombardeios aéreos franceses, ainda estavam escondidos nas savanas e desertos ao redor de Gao e Timbuktu e perto das principais rodovias que levavam até essas cidades, partes dela ainda inseguras. O país da África ocidental está em um limbo político desde que um golpe, em março de 2012, provocou uma tomada de poder rebelde do norte. A França, que enviou cerca de 3.000 soldados ao Mali a pedido do governo africano, diz que quer passar o bastão das operações de longo prazo ali para uma força africana maior e patrocinada pela ONU, conhecida como Afisma, que está sendo levada ao país. Os franceses, que não querem se envolver em uma caótica guerra de contra-insurgência em sua antiga colônia no Sahel, deixaram claro que, embora a primeira fase de liberar as maiores cidades ao norte do Mali possa ter acabado, ainda há o desafio mais difícil de tirar os insurgentes islâmicos de seus esconderijos no deserto. "Permaneceremos o quanto for necessário. Queremos ter certeza de que haverá uma boa passagem da França para a Afisma. Não há chance de ficarmos atolados", disse o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, na capital etíope de Addis Abeba. (Reportagem adicional de Aaron Maasho em Addis Ababa, Laurent Prieur em Nouakchott, Mohammed Abbas em Londres, Abdoulaye Massalatchi em Niamey, e Lucia Mutikani e Anna Yukhananov em Washington)