Soldados rebeldes se entregam nas Filipinas

Soldados que tentavam derrubar presidente ocuparam hotel de luxo.

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Por BBC Brasil
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Uma tentativa de golpe de soldados rebeldes das Filipinas terminou depois que tropas do governo invadiram um hotel de luxo em Manila, nesta quinta-feira. Os rebeldes foram presos pela polícia e levados algemados para fora do Peninsula Hotel. O grupo havia ocupado o local depois de fugir do tribunal onde estavam sendo julgados por um motim fracassado em 2003. Os rebeldes pediam a derrubada da presidente Gloria Arroyo. Em uma declaração publicada na internet, os organizadores da tentativa de golpe disseram que o país enfrenta "uma crise de proporções extremas" e que Gloria Arroyo é uma "falsa presidente". "Nós hoje retiramos nosso apoio à senhora Gloria Macapagal Arroyo para acabar com sua ocupação ilegal e inconstitucional da Presidência", disse um dos líderes dos soldados rebeldes, general Danilo Lim. Um toque de recolher de cinco horas foi imposto na capital, Manila, desde a meia-noite desta quinta-feira (hora local, 14h da quarta-feira em Brasília). O ministro do Interior, Ronaldo Puno, disse que permitiria às autoridades conduzir operações de segurança posteriores ao cerco. Durante a invasão ao hotel, cerca de 1,5 mil soldados do governo cercaram o prédio antes de invadirem a portaria com a ajuda de um tanque. Os militares dispararam tiros e lançaram bombas de gás lacrimogêneo durante a ação. O repórter da BBC Michael Barker, que estava no hotel na hora da invasão, disse que a portaria ficou coberta de cacos de vidro, e que as decorações de Natal foram espalhadas pelo chão. Um dos líderes dos rebeldes, o senador Antonio Trillanes, disse que eles terminariam a ação para salvar as vidas dos civis e jornalistas que ainda estavam no hotel. Ele foi preso junto a cerca de 24 soldados. A turista britânica Leonie Anning disse à BBC que estava em uma loja perto do hotel, quando foi retirada, na hora da invasão. "Houve confusão e pânico", descreveu ela. "Havia muitos soldados armados... e sem saber o que estava acontecendo, foi bastante apavorante." Mas o vice-presidente da Câmara Britânica de Comércio em Manila, Michael Whiting, disse à BBC que seus colegas filipinos pareceram "bastante indiferentes". "A maioria das pessoas está cansada das tentativas de derrubar o governo", disse ele. Toda a ação militar foi transmitida ao vivo pela TV. Robert Reyes, um padre que apoiou os rebeldes, disse que a violência foi desnecessária. "Nós não tínhamos a intenção de usar a violência - a violência partiu dos militares", disse ele na recepção do hotel, antes de os rebeldes se renderem. "Vocês viram o que aconteceu - eles tiveram que usar um tanque para invadir o hotel, onde nenhum tiro havia sido disparado. O mundo todo estava assistindo. Que o mundo tenha piedade de nosso governo." As Filipinas têm um histórico de insurreições e revoltas populares. Arroyo, cuja popularidade foi manchada por várias alegações de corrupção, já sobreviveu a pelo menos duas tentativas de golpe e três tentativas de impeachment durante seu período à frente do governo. O senador Trillanes, tenente da Marinha, foi eleito em maio, mas está mantido em uma prisão militar enquanto está sendo julgado pelo motim de 2003. Na época, os soldados rebeldes ocuparam um shopping center por um dia, até serem derrotados por forças de segurança. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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