Um ecobatímetro que monitora a profundidade da água havia sido desligado antes de o navio de cruzeiro Costa Concordia atingir uma pedra e afundar na costa italiana, em janeiro, disseram testemunhas em uma audiência pré-julgamento nesta terça-feira. O capitão do Concordia, Francesco Schettino, é acusado do homicídio de 32 pessoas, de provocar um naufrágio e de abandonar o navio. Ele admitiu cometer erros, mas alega que não deve ser o único culpado. A operadora do navio, a Costa Cruzeiros, uma unidade da norte-americana Carnival Corp, colocou a culpa em Schettino e disse que nada discutido na audiência pré-julgamento até agora diz respeito à sua própria organização. Um painel de peritos judiciais afirmou na audiência que o aparelho sonar estava desligado no momento do naufrágio, de acordo com pessoas presentes à audiência, que foi fechada ao público porque o grande interesse da mídia não poderia ser acomodado. O acidente provocou uma saída noturna caótica de mais de 4.000 passageiros e tripulantes na costa rochosa da ilha toscana de Giglio. Trinta corpos foram recuperados dos destroços e outras duas pessoas permanecem desaparecidas. A Costa Cruzeiros disse na audiência que o navio tinha sido equipado com mais sistemas de radar do que o necessário, e que um número suficiente deles estava em operação para atender aos requisitos legais. O Codacons, um grupo de direitos do consumidor que está envolvido no caso, afirmou que eram necessárias mais informações sobre o estado do equipamento do navio antes do desastre. "Todos esses aspectos, se estivessem funcionais, poderiam eventualmente ter compensado os efeitos negativos das ações do capitão Schettino e ajudado a evitar a perda de vidas humanas, mesmo que o navio tivesse afundado de qualquer jeito", disse Giuliano Leuzzi, um advogado do Codacons. O navio ficou de lado, equilibrado sobre uma prateleira rochosa em plena vista do porto. Centenas de mergulhadores de salvamento e engenheiros começaram a delicada operação de preparar o casco para a remoção. A audiência pré-julgamento vai decidir se as acusações contra Schettino solicitadas pelo Ministério Público devem ser mantidas ou não, e se o caso vai a julgamento completo, esperado para o próximo ano.
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