O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, determinou nova soltura nesta sexta-feira do banqueiro Daniel Dantas, preso na Polícia Federal em São Paulo. Após analisar pedido dos advogados do dono do banco Opportunity, Mendes afirmou na decisão que não há fatos novos para a prisão e criticou a insistência do juiz responsável pelas prisões. Na decisão, o presidente do STF afirma que o juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6a Vara Federal Criminal de São Paulo, responsável pela determinação das duas prisões de Dantas, insurgiu-se contra decisão do Supremo. "A fundamentação utilizada pelo juiz não é suficiente para justificar a restrição à liberdade do paciente". Para Mendes, "o encarceramento do paciente (Dantas) revela nítida via oblíqua de desrespeitar a decisão deste Supremo Tribunal Federal anteriormente expedida". "Por mais que se tenha estendido ao buscar fundamentos para a ordem de recolhimento preventivo de Daniel Dantas, o magistrado (Sanctis) não indicou elementos concretos e individualizados, aptos a demonstrar a necessidade da prisão cautelar, atendo-se, tão-somente, a alusões genéricas", afirma Mendes. Dantas foi preso pela primeira vez na terça-feira acusado de crimes como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas. Recebeu decisão de soltura concedida pelo presidente do Supremo e saiu da prisão na quinta-feira pela manhã. Dez horas depois, retornou à carceragem da PF por acusação de envolvimento no pagamento de suborno a policiais do órgão. A primeira prisão era temporária, de cinco dias, e a segunda, preventiva, sem prazo pré-estabelecido. Segundo a Polícia Federal, indícios colhidos na terça-feira, data em que foi deflagrada a operação Satiagraha, que resultou na primeira prisão de Dantas, "fortaleceram a ligação entre o preso e a prática do crime de corrupção (suborno) contra um policial federal que participava das investigações". A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) acusam Dantas de oferecer, por meio de dois intermediários, 1 milhão de dólares a um delegado da PF para fazer com que os nomes dele, da irmã Verônica e do sócio Carlos Rodemburg fossem excluídos das investigações da operação Satiagraha. Dantas também queria que a PF abrisse inquérito contra um antigo adversário. Na casa de um desses supostos intermediários, Hugo Chicaroni, a polícia encontrou mais de 1 milhão de reais na terça-feira. Chicaroni disse em depoimento à PF que tem conhecimento que Dantas é o controlador do Grupo Opportunity. Para Mendes, a declaração não é suficiente para concluir que Dantas teria envolvimento no suposto delito. (Reportagem de Carmen Munari)
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