O saldo positivo da balança comercial da China com o resto do mundo sofreu forte retração no mês de fevereiro, resultado, entre outros fatores, de uma reestruturação da política de comércio exterior chinesa. Segundo a agência oficial Xinhua, o saldo comercial em fevereiro foi positivo em US$ 8,56 bilhões - equivalente a apenas um terço dos US$ 23,8 bilhões registrados no mesmo período do ano passado e menos da metade dos US$ 19,4 bilhões registrados em janeiro deste ano. É a quarta queda consecutiva no superávit comercial chinês desde de outubro. O resultado das trocas comercias se deve à diminuição do consumo nos Estados Unidos, desencadeado pela crise de crédito imobiliário na economia americana, avalia Zhang Yansheng, diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Internacional, divisão da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC na sigla em inglês). Além disso, segundo a imprensa estatal, analistas acreditam que as nevascas que assolaram a China em janeiro e fevereiro também tiveram papel importante, pois recursos que seriam exportados acabaram sendo consumidos no país. Relações A China tem se esforçado para reduzir o superávit comercial que tem com a maioria de seus parceiros comerciais, pois o recorrente saldo positivo asiático desgasta as relações e gera sentimentos protecionistas no resto do mundo. Em 2007 a China alcançou o superávit mundial recorde de US$ 262 bilhões com o resto do mundo, segundo números do governo chinês. Do ponto de vista dos Estados Unidos, estatísticas do governo norte-americano revelam uma balança comercial deficitária em US$ 250 bilhões em 2007. Igualmente, o Brasil registra perdas no comércio com a China. Somente em janeiro atingiu a marca dos US$ 882 milhões negativos, quase metade de todo o déficit registrado ao longo do ano passado, que foi de US$ 1,8 bilhão. No primeiro mês do ano as importações da China para o Brasil aumentaram 94%, somando US$ 1,5 bilhão, e as exportações brasileiras para o país oriental totalizaram US$ 654 milhões, um crescimento de 17% em relação ao mesmo período de 2007. Pressões Além da insatisfação vinda dos parceiros, a China sofre pressões inflacionárias internas causadas pelo excesso de dinheiro circulando em sua economia. Por isso, o governo tem buscado frear a entrada de capital no país. Desde que as autoridades decidiram que o combate à inflação e a uma economia superaquecida são prioridades em 2008, "a diferença entre importações e exportações deverá continuar a diminuir", disse Zhang. Apesar de limitar seu superávit, a China deseja aumentar o volume de trocas comerciais como um todo, o que conseguiu em fevereiro. O volume total de comércio entre os chineses e o resto do mundo registrado em fevereiro foi de US$ 166 bilhões, cerca de 18,4% superior ao mesmo período do ano passado. As importações cresceram 35%, chegando a US$ 78,8 bilhões, enquanto as exportações tiveram aumento de 6,5%, alcançando US$ 87,3 bilhões. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.