Depois de ciclone-bomba, ventania com tempestade de areia, o Brasil recebe mais um fenômeno meteorológico marcante: uma forte massa de ar frio polar no inverno. A frente fria tem provocado chuvas, temperaturas abaixo de 0 ºC, granizo, geada e neve, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do País. Esta é a terceira vez que a friaca ocorre em 2020, mas a primeira com essa proporção e intensidade. De acordo com o Climatempo, "dificilmente o Brasil poderá experimentar outra onda de frio como esta ainda este ano".
A expectativa é de que essa onda de frio atue até 23 de agosto. Já no dia 24, a parte mais intensa da onda de frio estará sobre o mar e afastada do continente, o que vai permitir a elevação da temperatura.
O resfriamento intenso da onda começou a ocorrer no Sul do Brasil e em Mato Grosso do Sul na última quarta-feira, 19. Esta massa de ar polar já está atuando muito fortemente com diferentes graduações nos estados do Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Rondônia, Acre e sul do Amazonas. O vento frio também tem suavizado o calor até no extremo sul do Pará e do Tocantins. E alguns efeitos também são sentidos em parte da Bahia.
Além do Brasil, esta massa de ar polar provoca frio intenso na Argentina, no Uruguai, Paraguai, Bolívia e em parte do Peru.

São Paulo e Rio de Janeiro
A forte frente fria que entrou no Brasil deixa o Estado de São Paulo em alerta para o frio intenso e chuva volumosa até domingo. Até lá, temperaturas abaixo dos 10°C devem ser observadas na madrugada e início da manhã em praticamente todo o estado de São Paulo.
A combinação do céu nublado, chuva e muito ar frio produzem grande sensação de frio para os paulistas especialmente nesta sexta-feira, 21. Na capital, a tarde de hoje deve ser a mais fria do ano. Pela medição do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a menor temperatura máxima registrada, até o dia 20 de agosto, foi de 15,9°C, em 15 de julho.
A semana foi marcada por predomínio de céu nublado e baixa temperatura na Grande São Paulo. Só a quarta-feira, 19, teve algumas horas de sol. A passagem desta forte frente fria deixa o tempo mais úmido e muito frio nos próximos dias. O sol deve reaparecer apenas na próxima segunda-feira.
Além do frio, a passagem desta frente fria traz muita chuva para o litoral paulista. O tempo está chuvoso no litoral desde ontem e a chuva prossegue nesta sexta-feira e também no sábado, 22. De acordo com o Climatempo, grandes volumes de chuva serão vistos até domingo, podendo causar transtornos para a população - com risco de alguns alagamentos e deslizamentos. O mar também fica agitado e há risco de ressaca.

No Rio de Janeiro, a frente fria chegou na quinta, com chuva e frio. Segundo o Climatempo, há risco de chuva forte e volumosa nesta sexta e no sábado, especialmente na faixa litorânea. “A previsão ainda é de predomínio de céu nublado e chuva no domingo”, informa o serviço meteorológico. Na sexta, os termômetros marcam máxima de 21ºC e mínima de 16ºC. O fim de semana deve ser de chuva e garoa, ainda com baixas temperaturas.
Região Sul
A massa de ar frio polar que se espalha sobre o Brasil também provoca frio intenso na Região Sul. Por volta das 5 horas da madrugada desta sexta-feira, 21, o INMET registrava temperaturas negativas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina e temperatura já em 0 °C no sul do Paraná, com a possibilidade de termômetros negativos.
Ainda há nebulosidade na serra e planaltos de Santa Catarina e há possibilidade de nevar pela manhã, mas a nebulosidade deve diminuir à tarde, o que vai reduzir também a chance de nevar. A geada se forma de maneira mais ampla e até com forte intensidade no Rio Grande do Sul por causa das temperaturas muito baixas.
O ar frio polar ainda estará forte sobre o Sul do Brasil na madrugada deste sábado, 22. O dia amanhece literalmente congelante, com formação de geada e gelo amplo e com forte intensidade. É possível que haja congelamento da água em canos e que se forme lâminas de gelo sobre poças d´água. A geada ocorre em quase todo o Sul do país neste sábado.
Várias áreas da serra gaúcha e da serra catarinense registraram neve e chuva congelada na tarde e noite da última quinta, 20. São Francisco de Paula (RS), São Joaquim (SC), Nova Petrópolis (RS), Gramado (RS), São José dos Ausentes (RS), Cambará do Sul (RS) e Canela (RS) estão entre as localidades que presenciaram os fenômenos.
A MetSul, empresa de meteorologia da região Sul, publicou registros da neve nas redes sociais.
Choque térmico
A região do Pantanal, em Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso, e toda região entre o sul de Mato Grosso, a fronteira com a Bolívia, Rondônia e Acre foram as que tiveram o maior impacto térmico com a chegada da intensa onda de frio no fim desta semana.
Estas regiões estavam extremamente quentes antes de receberem o ar frio de origem polar e vinham registrando calor entre 35°C e 41°C. Cuiabá, a capital de Mato Grosso, bateu o recorde de calor para 2020 na última quarta, 18 de agosto, com 41,4°C. Neste dia, Cuiabá teve a maior temperatura no Brasil, pela medição oficial do INMET.
Com quedas de até 26 ºC no Mato Grosso do Sul, a madrugada desta sexta foi a mais fria do ano em Campo Grande. O INMET registrou 6,8°C às 3h local. O recorde anterior era de 7,1°C em 25 de maio.
Hoje e também no sábado, o ar frio polar atua com muita força sobre o Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre causando bastante frio. Temperaturas abaixo dos 10°C devem ser observadas no centro-oeste e sul de Mato Grosso e em quase todo o Mato Grosso do Sul.
Há possibilidade temperatura abaixo de 10°C no sul de Rondônia. Por causa do frio intenso, tem previsão de geada no sábado no sul de Mato Grosso do Sul.

Ressaca nas praias do Sul e do Sudeste
A frente fria que avança para o Sudeste provoca vento forte sobre o oceano. O vento soprando de forma intensa e persistente sobre o mar forma as ondas que, na quinta-feira e nos próximos dias, vão deixar o mar agitado ao longo do litoral das regiões Sul e Sudeste. Há previsão de ressaca nas praias do Rio Grande o Sul, de Santa Catarina, do Paraná, de São Paulo e do Rio de Janeiro.
No Sul do País, a ondulação do mar é de sul nesta sexta. As ondas aumentam de tamanho no decorrer do dia, com altura chegando a 3 m nas praias de Santa Catarina. A partir de sábado,22 de agosto, a tendência é de diminuição da altura das ondas.
No Sudeste, há previsão de ressaca no litoral paulista e sul fluminense, com ondas de até 3 m de altura nas praias desta faixa litorânea. A ondulação é de sul. Em mar aberto a altura das ondas ficam por volta de 4 m de altura.
No sábado, a condição de ressaca persiste e o mar sobe também na costa norte do Rio de Janeiro. A altura das ondas fica entre 3 e 3,5 m de altura. A ondulação do mar passa a sudeste. A partir de domingo a altura das ondas volta a diminuir.