A Auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) identificou indícios de sobrepreço de R$ 48 milhões no texto de edital do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para construção do Câmpus Integrado, um complexo de ensino, desenvolvimento e pesquisa projetado para funcionar ao lado da sede, no Rio. O valor total da obra é de R$ 496,4 milhões e o prazo para sua conclusão, de 2 anos.Com a constatação, o TCU determinou mudança nas cláusulas do edital - que deverá ser publicado ainda no mês de janeiro. Além de indícios de sobrepreço, a auditoria identificou que o edital apresentava exigências desnecessárias que reduziam a possibilidade de empresas participarem da concorrência.O vice-diretor do Inca, Luiz Augusto Maltoni, afirmou que as mudanças sugeridas pela auditoria do TCU foram acatadas e, dentro de alguns dias, o texto do edital deverá ser publicado. O sobrepreço, segundo ele, foi resultado de indicações de orçamentos feitos pelo consórcio responsável pelo projeto. "O sistema por eles adotado é mais limitado do que aquele usado por órgãos públicos", disse.Maltoni contou que a equipe interna do Inca analisou e validou a sugestão de preços feito pelo consórcio. Ele admite que, mesmo assim, valores foram mantidos. "A equipe também não tinha acesso a um sistema que permitia a comparação mais ampla de preços", justificou.Depois da auditoria, o TCU chegou até a sugerir à Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional que a obra fosse incluída na lista de empreendimentos com indícios de irregularidades graves. A obra, porém, foi liberada. "Os problemas já foram superados. Tanto é que recebemos sinal verde para publicação do edital." Maltoni afirmou que a fiscalização do TCU é feita a pedido do Inca. Histórico. Este não é o primeiro problema encontrado na licitação. Em outubro, um edital chegou a ser lançado e foi cancelado por suspeita de exigências desnecessárias.Outro ponto questionado é que a obra será feita num terreno do Estado, doado para o Inca. "Numa hipótese remota de o governo do Estado reivindicar o terreno, a União terá de ser ressarcida", disse Maltoni. De acordo com o vice-presidente, o TCU vai continuar acompanhando o andamento das obras.O Inca quer transformar o câmpus no mais moderno centro de ensino e pesquisa na área do câncer. O complexo terá quatro blocos, numa área total de 148 mil metros quadrados. A construção será ao lado da sede do instituto, na Praça da Cruz Vermelha. A sede também será reformada.