Temporão critica 'saúde precária' da Prefeitura do Rio

Ministro da Saúde espera uma resposta do Ministério da Defesa sobre a abertura de tendas

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Por Clarissa Thomé
2 min de leitura

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, quer aumentar os pontos de atendimento à população no Rio, para evitar a espera de até seis horas por uma consulta médica pelos pacientes com dengue. Ele espera uma resposta do Ministério da Defesa sobre a abertura destes postos. VEJA TAMBÉMEspecial - A ameaça da dengue Para governo, dengue cresce no Rio por falta de agentes Dengue atinge status de epidemia no Rio Temporão evitou usar o termo "hospital de campanha", mas a idéia é montar tendas onde a população possa receber atendimento médico, fazer exames laboratoriais e receber hidratação. Estes pontos poderiam ficar próximos a hospitais ou em bairros com maior incidência da doença. O ministro voltou a criticar o que chamou de precária atenção básica à saúde no Rio. Ele lembrou que Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, registrou uma epidemia maior que a do Rio, mas teve apenas um óbito. Na capital fluminense, o número de mortos já chega a 49, segundo o ministro, por causa da falta de atendimento primário. Temporão informou ainda que até o fim da semana chegarão ao Rio cartões de saúde para que o paciente tenha registrado todos os passos do seu tratamento. "A nossa preocupação é ampliarmos pontos de atendimento, para dar rapidez e melhor qualidade. O número de óbitos é completamente acima da expectativa daquilo que seria razoável", disse Temporão a jornalistas, em visita à capital fluminense. As 48 mortes por dengue confirmadas no Rio de Janeiro nos três primeiros meses de 2008 já superam os 31 óbitos ocorridos no Estado em todo o ano passado. Desde o início do ano, mais de 32 mil casos de dengue já foram registrados no Estado. Quase 100 mortes foram notificadas como suspeitas de dengue, 48 delas já confirmadas. A capital é o local com o maior número de óbitos, com 30. As medidas anunciadas por Temporão têm como prioridade melhorar e agilizar o atendimento aos doentes. O pacote prevê o treinamento de agentes de saúde, o envio de novos fumacês (carros usados no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue), e o deslocamento de funcionários de saúde de outros Estados para o Rio, além da contratação temporária de enfermeiros e técnicos. O Ministério da Saúde também vai disponibilizar 660 pontos de atendimento em todo o Estado, sendo 330 dentro dos próprios hospitais federais. Sobre a ajuda das Forças Armadas no combate à dengue com o uso de hospitais de campanha, como cogitado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, na semana passada, Temporão afirmou que a eventual contribuição ainda não foi acertada. "O papel das Forças Armadas ainda não está definido. Esqueçam o título inicial de hospital de campanha. Nossa proposta é ver como as Forças Armadas poderão adotar tendas ambulatoriais no Rio de Janeiro." O ministro negou uma acusação feita pelo prefeito do Rio, Cesar Maia, de que o governo federal não teria feito o repasse prometido de verbas para a saúde do município. "Todos os recursos necessários, informação, treinamento, tudo que era possível foi feito. A única capital com epidemia é o Rio de Janeiro, no resto do País há um declínio da doença. Isso é ridículo", afirmou. O ministro afirmou que o momento é grave e que a epidemia se prolongará numa "situação complicada" até abril. Porém, após o discurso, Temporaão tentou minimizar a crítica, dizendo que estava falando genericamente e que não é o momento adequado para troca de acusações entre as autoridades. "Sem mosquito não tem epidemia. Então, onde é que foi a grande falha aqui? No combate ao vetor." Texto atualizado às 18 horas para acréscimo de informação (Com Reuters)

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