A tentativa da bancada ruralista no Congresso de levar adiante a votação da proposta de mudança do Código Florestal surpreendeu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que está em Cancún, no México, chefiando a delegação brasileira na Cúpula do Clima da ONU (COP-16). "A proposta ainda não está madura. No ponto de vista do ministério, mantemos a posição de que a matéria está insuficientemente estruturada e isso causa um impacto muito negativo." Na tarde de ontem, deputados ligados à bancada ruralista tentaram votar, em regime de urgência, a polêmica proposta de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que, entre outros pontos, reduz as áreas de preservação nas margens dos rios. A reforma no Código Florestal é defendida por entidades ligadas ao agronegócio, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Unica, que representa a indústria de cana de açúcar.A matéria chegou a entrar na pauta, mas não foi votada.Segundo a ministra, o Brasil tem condições de modernizar o código "sem causar externalidades negativas". "O ministério tem uma proposta. A sociedade brasileira quer discutir", disse. Segundo a ministra, a medida sinaliza de forma contrária a todos os ganhos que o governo brasileiro tem mostrado em relação à redução do desmatamento. "Os ruralistas se articularam na surdina, aproveitando a presença de deputados da base ambientalista em Cancún", diz Mário Mantovani, diretor da SOS Mata Atlântica. O líder do governo na Câmara, o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) teria aceitado colocar a matéria na pauta sem ouvir o PT. O Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que não é do interesse do governo votar o Código Florestal neste ano.