O governo da região autônoma do Tibete, apoiado pela China, estabeleceu um prazo até a meia-noite da segunda-feira, 17, para que os envolvidos nas manifestações da sexta-feira se entreguem. Em um comunicado neste sábado, 15, representantes do Poder Judiciário do Tibete disseram que eximirão de punições aqueles que se arrependerem. - Governo exilado diz que 30 morreram - Exilados organizam protesto após distúrbios - Hu Jintao é reeleito na China e Xi Jinping é seu vice O governo afirma que 10 pessoas morreram durante os protestos que ocorreram na sexta-feira, 14, contra os mais de 50 anos de domínio chinês no Tibete - boatos de que este número seria até dez vezes maior são difíceis de confirmar, disse o correspondente da BBC em Pequim Dan Griffiths. Na nota deste sábado, as autoridades dizem que os manifestantes atearam fogo a escolas, hospitais, lojas e casas, no que chamaram "uma conspiração política planejada pelo Dalai para separar o Tibete da pátria-mãe e sabotar a vida pacífica e harmônica de todos os grupos étnicos no Tibete". Os violentos choques da sexta-feira encerraram uma semana inteira de manifestações contra a China. Os protestos têm sido apontados como os maiores e mais violentos dos últimos 20 anos no Tibet. Os manifestantes perseguiram chineses que vivem na cidade, acenderam fogueiras para incendiar seus pertences, realizaram saques e queimaram lojas. De acordo com testemunhas, os manifestantes assumiram o controle do centro velho da cidade de Lhasa. Dalai As autoridades chinesas acusaram o líder espiritual do Tibete, o Dalai Lama, de organizar os protestos. "Houve suficientes sinais que provam que a recente sabotagem em Lhasa foi organizada, premeditada e planejada pelo bando do Dalai", diz uma mensagem do governo regional do Tibete divulgada pela Xinhua. Um porta-voz do líder espiritual tibetano rebateu a declaração e disse que as acusações são "totalmente infundadas". Mais cedo, o Dalai Lama divulgou uma mensagem em que manifestou preocupação com os recentes episódios de violência no território. O líder espiritual, que na Índia lidera o governo tibetano no exílio, pediu que o governo chinês "pare de usar a força e inicie um diálogo com o povo tibetano para minimizar o ressentimento há muito crescente". "Eu também peço a meus colegas tibetanos que não façam uso da violência", completou o Dalai Lama. Adesão Os protestos começaram como uma reação à notícia de que monges budistas teriam sido presos depois de realizar uma passeata para marcar os 49 anos de um levante tibetano contra o domínio chinês. Centenas de monges tomaram então as ruas, e os protestos ganharam força nos últimos dias, com a adesão de pessoas comuns. Outros protestos foram registrados inclusive fora do Tibete - há informações de que centenas de monges realizaram uma marcha na província chinesa de Gansu, e, na Índia, a polícia prendeu cerca de 25 pessoas que tentaram invadir a embaixada chinesa em Déli. Autoridades de países europeus e em Washington pediram que a China seja tolerante com os manifestantes. Em um comunicado, Louise Arbour, a alta comissária da ONU para direitos humanos, também pediu a Pequim que "permita que os manifestantes exercitem seu direito de liberdade de expressão e reunião, sem fazer qualquer uso excessivo da força na manutenção da ordem". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.