Ele era um ótimo repórter, mas não tinha muito tino para negócios. Para a imprensa japonesa, Toshihiko Nakabayashi, mais conhecido Kan-chan, foi um símbolo da era romântica do jornalismo. À frente do Diário Nippak, embrião do Nikkey Shimbun, ele marcou época ao publicar grandes reportagens em português sobre a colônia. Também inovou ao integrar as redações que escreviam em japonês e português, para a cobertura do 70.º aniversário da imigração no Brasil, em 1978. "Toshihiko era um excelente jornalista, mas não tinha a visão de businessman que o Mituto Mizumoto, do São Paulo Shimbun, tinha. Em compensação, Mizumoto não era muito de escrever", diz Raul Takaki, diretor-presidente do Nikkey Shimbun. Esse idealismo, somado à falta de aptidão para negócios, resultou em bom punhado de dívidas. Apesar delas, Toshihiko seguiu em frente. Dava um jeito de conseguir empréstimo para pagar o papel do jornal e lançava edições extras. Em1965, ele ergueu um prédio na Rua Glória, 332. Vendeu todas as unidades e deixou sobreloja, térreo e subsolo para o jornal. "Ele nunca discutia nem ficava arrogante com os elogios que recebia", lembra Masao, de 85 anos, irmão caçula de Toshihiko. O jornalista romântico morreu em 1992, aos 77, depois de lutar pelo Diário Nippak por quatro décadas.