Nem bem começou a colheita da safra brasileira e as cotações do trigo já estão abaixo do preço mínimo de garantia estabelecido pelo governo. A pressão sobre os preços do cereal vem da perspectiva da colheita de uma safra recorde, de 5,4 milhões de toneladas, sendo 3 milhões de toneladas somente no Paraná, e da oferta de trigo da Argentina, que retomou a comercialização do produto. Os preços do trigo acumulam queda de 27% desde maio. Só em agosto a desvalorização chega a 8,6%. E a tendência é de os preços seguirem pressionados à medida que avança a colheita. Logo após a oferta da produção paranaense, entra no mercado a safra gaúcha, quase simultaneamente com a produção argentina. Por causa disso, o setor produtivo do Paraná já preparou um pedido de apoio à comercialização da safra, a ser encaminhado ao Ministério da Agricultura. Leilões "Vamos pedir de imediato que o governo inicie a operacionalização de leilões de Prêmio de Escoamento de Produto, para transportar o trigo da região produtora para a consumidora", conta o assessor técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra. Como 90% da produção nacional de trigo está concentrada na Região Sul, os leilões de PEP permitiriam o escoamento de parte da safra para os moinhos do Nordeste, que hoje praticamente só se abastecem de trigo importado por conta do alto custo do frete de cabotagem. Além disso, os produtores querem recursos para operações de Empréstimos do Governo Federal (EGF), com vencimento a partir de abril de 2009, o que permitiria financiar a estocagem até a entressafra, quando os preços são mais remuneradores. E, por fim, o setor pede que parte da oferta seja retirada do mercado por meio de operações de Aquisição do Governo Federal (AGF). "Com AGF o governo pode formar estoques de trigo, que hoje não existem, e garantir preço mínimo ao produtor", diz Turra.
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