Os ucranianos foram às urnas neste domingo em uma eleição que o partido do presidente Viktor Yanukovich deve ganhar, mas que pode agora enfrentar uma oposição revigorada que promete combater o autoritarismo e a corrupção crescentes. Com a principal adversária de Yanukovich, Yulia Tymoshenko, na prisão, e o Ocidente vendo a eleição como um teste do compromisso da Ucrânia com a democracia, o interesse vai se centrar no julgamento que os monitores internacionais farão na segunda-feira. A ex-república soviética de 46 milhões de habitantes está mais isolada internacionalmente do que em muitos anos. A prisão continuada de Tymoshenko provocou atritos com os Estados Unidos e a União Europeia, enquanto a Rússia faz ouvidos moucos aos pedidos de Kiev por gás mais barato. Internamente, a popularidade do governo foi atingida pelas políticas fiscais e de pensão e por um fracasso em conter a corrupção, fazendo com que fugisse das reformas dolorosas que poderiam garantir um empréstimo necessário do FMI para reforçar uma economia movida pelas exportações. Apesar disso e da crescente apatia de um eleitorado cansado de rixas políticas, as pesquisas de opinião mostraram que o Partido das Regiões, de Yanukovich, está à frente da oposição, que inclui o partido Batkivshchyna, de Tymoshenko, e um partido liberal chefiado pelo campeão de boxe Vitaly Klitschko. Os analistas acreditam que o Regiões, financiado por industriais e usando recursos estatais, manterá uma maioria na assembleia de 450 cadeiras, com apoio possivelmente de comunistas e de alguns independentes. "Eu votei pela estabilidade, pelo desenvolvimento econômico do país, pela melhora nos padrões de vida", disse Yanukovich aos repórteres ao votar em Kiev. Mesmo se ganhar, o Regiões enfrentará uma época dura no Parlamento. Klitschko, o campeão de peso pesado que lidera o partido UDAR, disse que vai se unir com a oposição liderada pelo ex-ministro da Economia Arseny Yatsenyuk para combater a corrupção que ele diz que impede o espírito empresarial e o investimento externo. De sua cela em Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, Tymoshenko divulgou um comunicado dizendo que Yanukovich, que tentará a reeleição em 2015, estabeleceria uma "ditadura e nunca mais cederia o poder por meios pacíficos". Tymoshenko foi condenada a sete anos de prisão por abuso do poder relacionado a um acordo de gás em 2009 com a Rússia que ela fechou quando era primeira-ministra. O governo Yanukovich diz que o acordo impôs sobre a Ucrânia um preço enorme para suprimentos de gás. "Estou votando pela liberdade da minha mãe, pela liberdade dos presos políticos, pela justiça", afirmou a filha de Tymoshenko, Yevgenia, no local de votação.