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UE debate política econômica comum

Risco real de a Grécia quebrar leva sócios do euro a discutir implantação de um governo econômico europeu

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Por Andrei Netto e correspondente em Paris
Atualização:

A revelação de que pelo menos um de seus países-membros, a Grécia, corre risco real de insolvência em razão da explosão de suas dívidas entre 2008 e 2009 acendeu a luz vermelha na União Europeia. Potências como França e Espanha, e coadjuvantes como Portugal, Bélgica e Luxemburgo, estão em plena cruzada pela implantação progressiva de um "governo econômico europeu", que unificaria parte das políticas econômicas nacionais, tornando-as comunitárias. O objetivo, que segue o exemplo do Banco Central Europeu (BCE) em relação à política monetária, é coordenar políticas industriais, de exportações, importações, regulação do mercado financeiro e, sobretudo, orçamentos.As negociações diplomáticas devem avançar nos próximos 15 dias. O tema será central em 11 de fevereiro, quando será realizada em Bruxelas a próxima cúpula do Conselho Europeu, o órgão que reúne os 27 líderes políticos do bloco. A iniciativa é coordenada pelo novo presidente europeu, Herman Van Rompuy, e pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e tem o apoio explícito do presidente da França, Nicolas Sarkozy, do primeiro-ministro da Espanha, José Rodríguez Zapatero, e do primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates.A bandeira foi relançada há 15 dias durante um seminário com presença de chefes de Estado e de governo em Paris. "A melhor forma de superar a crise econômica é mais Europa, e não menos Europa", defendeu o português, apoiando a proposta feita por Sarkozy. "É inconcebível que depois de termos passado pelo que passamos não tenhamos entendido que a Europa precisa de governança econômica coordenada e de uma voz econômica forte no exterior."Desde então, as manifestações a favor da integração econômica se multiplicaram. "A União Europeia deve avançar em direção a mais integração e cooperação econômica, com novos meios e uma autoridade reforçada da Comissão Europeia", reiterou Zapatero, falando nesta semana ao Parlamento Europeu.Um dos primeiros passos à frente foi dado com a formalização do Eurogrupo - o fórum de 16 ministros de Economia da zona do euro - como instância de decisão. Reeleito para sua presidência, o primeiro ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, prometeu trabalhar para "implantar uma gestão coletiva e solidária da moeda única".GRÉCIAA pauta veio à tona com o temor aberto pela crise da dívida na Grécia. Ao permitir que o déficit chegasse à casa de 12% - contra o teto de 3% previsto no Pacto de Estabilidade -, Atenas conseguiu unir líderes políticos em torno do discurso da cooperação econômica, que começa a substituir a ideia da competição até aqui reinante. Ainda que o peso da Grécia no Produto Interno Bruto (PIB) europeu seja pequeno - 3% -, o que não representa ameaça de desintegração da zona do euro, a estatística negativa serviu para abrir os olhos dos líderes políticos para o risco de que uma grande economia, como a do Reino Unido, enfrente problemas de solvência.Para ampliar a integração, o governo espanhol trabalha no projeto Estratégia de Crescimento Econômico 2020, que será apresentado até junho. Seus objetivos: cooperação econômica, reforço da independência energética do continente, desenvolvimento e investimento em educação e pesquisa e novas tecnologias.

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