O Egito comemorou o primeiro aniversário da queda do presidente Hosni Mubarak neste sábado, mas a baixa adesão a uma greve convocada por ativistas para criticar o ritmo lento das mudanças por parte do governo militar expôs as grandes divisões do país. A greve geral, convocada para pedir a imediata saída do conselho militar que sucedeu Mubarak, não teve grande efeito. Ela ganhou oposição de personalidades religiosas e grupos políticos, incluindo os islamitas. A estação de trem e o aeroporto do Cairo funcionaram normalmente, assim como os ônibus e o metrô, e uma autoridade disse que a convocação de greve não teve impacto no Canal de Suez, que liga a Europa à Ásia e é fonte vital de receita para o Egito. "Estamos com fome e não temos comida para nossas crianças", disse o motorista de ônibus Ahmed Khalil, explicando porque ele não estava participando da ação convocada por grupos liberais e de esquerda, juntamente com estudantes e sindicatos comerciais independentes. Considerados heróis há um ano por deporem Mubarak, os militares enfrentam crescentes críticas pela forma como estão administrando o Egito desde quando assumiram o poder, ao final de 18 dias de protestos de massa. Embora os generais tenham prometido entregar o poder a um presidente eleito em meados deste ano, os grupos de protesto que iniciaram a revolta contra Mubarak duvidam de suas intenções, vendo os militares como uma extensão ao governo do ex-presidente e um obstáculo à democracia. (Por Tamim Elyan)