A Estação Comandante Ferraz já havia sofrido pequenos princípios de fogo que foram controlados graças ao sistema de sensores do local. Ainda não se sabe por que eles falharam.Segundo a arquiteta Cristina Engel Alvarez, uma das responsáveis pela reforma feita na base em 2005 e coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártica de Pesquisas Ambientais (INCT-APA), todos os ambientes possuíam sensores com alarmes que soavam ao menor sinal de fumaça."Se alguém resolvesse fumar em um dos camarotes, o alarme soava. Se esquentasse água em ebulidores, também. O alarme sempre tocava, às vezes por motivos bobos, outras para treinamento, e outras para indicar pequenos princípios de incêndio que já aconteceram", diz a arquiteta, que afirmou não ter ideia do por que o alarme não ter disparado na noite do acidente.Em uma das situações, por exemplo, o fogo começou porque peças de roupa foram colocadas para secar em cima dos antigos aquecedores elétricos. "Houve um investimento para trocar o sistema de aquecimento elétrico por radiadores com água para evitar esse tipo de problema."A preocupação com o fogo sempre existiu porque o ambiente antártico facilita que as chamas se alastrem por ser muito seco. "O ambiente seco é a principal forma de propagação do fogo e tende a incendiar muito mais rápido do que um local úmido. E o sistema de aquecimento deixava o local mais seco ainda."Além disso, explica Cristina, as estações tentam criar um ambiente agradável aos ocupantes - os ambientes têm elementos combustíveis, como revestimento de madeira e sofás de tecido.O adensamento da unidade também ajudou a propagar as chamas. "A estação está construída no fundo de um vale e não tem para onde crescer", disse. "Sempre houve preocupação com segurança. Nunca ninguém morreu em 30 anos. O que aconteceu foi uma fatalidade", afirmou.
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