Um menino de 10 anos, Rafael Vidal Santos, morreu e nove pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave, depois que uma varanda do sobrado no qual moravam, no bairro periférico do Uruguai, em Salvador, desabou na madrugada de ontem. Moravam no imóvel, de três pavimentos, 15 pessoas, todas de uma mesma família. Por volta das 4h30, elas foram acordadas por uma série de "gritos e estouros" na rua, como relata uma das moradoras, Jaqueline Vidal Silva, de 29 anos, tia de Rafael. Pensando que um assalto ou uma perseguição estivesse em andamento na rua, todos os moradores da casa foram às varandas verificar o que estava acontecendo. A sacada do terceiro piso não aguentou o peso e caiu sobre a do segundo, onde estava Rafael. Ele foi atingido por uma placa de concreto e morreu antes da chegada da primeira ambulância do Samu. Sua mãe, Sandra Vidal Silva, de 28 anos, também foi atingida, mas sem gravidade. Levada ao Hospital Geral do Estado (HGE), foi medicada e liberada ainda pela manhã. Os feridos foram encaminhados para o Hospital Geral do Estado (HGE), Hospital Ernesto Simões e Hospital Espanhol. O caso mais grave é o de Juliana Vidal Silva, de 21 anos, que teve parte do abdome e das pernas comprimida e fratura na bacia. Ela segue internada no HGE e tem estado de saúde considerado estável pelos médicos. Dos demais, cinco tiveram ferimentos leves e foram liberados depois de medicados e dois, entre eles uma criança de 4 anos, estavam sob observação até a tarde de ontem, mas sem correr risco de morte. Integrantes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil de Salvador (Codesal) vistoriaram o imóvel durante o dia. Segundo a engenheira Zenilka Galeão, da Codesal, as primeiras análises revelam que as varandas foram construídas sem orientação técnica e não estavam dimensionadas para receber muito peso. "Com a sobrecarga, ela não resistiu." Jaqueline, que estava chegando à varanda superior quando ela cedeu, conta que a família já havia notado rachaduras na estrutura e se preparava para realizar uma obra para dar mais sustentação às sacadas. "O material já estava todo comprado", lamenta. SÃO PAULO Em junho de 2008, projeto de lei do vereador de São Paulo e engenheiro Domingos Dissei (DEM) previa que todas as sacadas de comprimento igual ou superior a meio metro teriam de ser vistoriadas a cada cinco anos, por engenheiro especializado pago pelo proprietário do imóvel. O projeto, aprovado na Câmara, foi vetado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) no mês seguinte. Ele havia sido apresentado em junho de 2007, após queda de marquise de hotel que matou duas pessoas no Rio.