Cresceram nos últimos 12 anos nas propriedades agrícolas do Estado de São Paulo as áreas cobertas por vegetação natural e reflorestadas, aponta o Levantamento Cadastral das Unidades de Produção Agropecuária do Estado (Lupa 2009), censo com dados de 2007 e 2008. Informações da Secretaria da Agricultura e Abastecimento divulgadas hoje na capital mostram aumento de 26% na área de mata natural e de 24,5% na área reflorestada, em comparação com o censo de 1997, com dados de 1995 e 1996.Se no censo de 1997 as unidades produtivas do Estado somavam 1,95 milhão de hectares de vegetação natural, hoje elas somam 2,43 milhões de hectares - um aumento de 479 mil hectares. As áreas de reflorestamento passaram de 812,2 mil para 1,02 milhão de hectares - diferença de 210 mil. O número de unidades produtivas com alguma área de mata nativa cresceu 11% e hoje chega a 155,2 mil do total de 324,6 mil propriedades do Estado. Há também mais fazendas com zonas de reflorestamento. Nesse caso, o aumento foi de 42%, o que equivale atualmente a 44 mil unidades.Mesmo com o incremento, a área com vegetação natural ainda está limitada a 12% do total da área produtiva do Estado. Em 1997, o porcentual era de 10%. As maiores fatias do território paulista são usadas para pastagem (quase 40%) e culturas temporárias (33%). A área com reflorestamento corresponde a 5% do total.O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que participou da apresentação do censo no Palácio dos Bandeirantes, ao lado do secretário da Agricultura, João Sampaio, considerou o resultado "uma façanha". "A expansão da vegetação natural em São Paulo de 10% para 12% no período é pouco? Só não ter caído já é uma conquista. Ter aumentado 20% é uma façanha", disse o governador.Serra destacou que a área em que é feito o plantio direto, mecanizado, também cresceu, o que reverte em aumento da proteção do solo. O governador atribuiu os dados positivos ao "aumento da consciência ambiental" dos produtores e a iniciativas do governo do Estado como o zoneamento e a meta de eliminação das queimadas. "As queimadas devem chegar ao seu ponto mais baixo em meados da década que vem", disse. "São requisitos do desenvolvimento sustentável."O secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano, relacionou o aumento das áreas preservadas à mudança de perfil do produtor rural paulista. O censo mostra que subiu o nível de escolaridade dos proprietários de terra. O número de produtores sem instrução completa caiu de 59 mil para 28 mil, enquanto a quantidade de fazendeiros com curso superior subiu de 52 mil para 62 mil. "Aconteceu um processo de conscientização ambiental do agricultor, o que está ligado à elevação do nível de instrução."Nem a expansão de 90,6% na área de cultivo de cana-de-açúcar no Estado, apontada pelo Lupa 2009, preocupou o secretário do Meio Ambiente. Graziano disse perceber em áreas canavieiras a preservação da mata ciliar. "A mecanização ajuda a preservação porque as máquinas são grandes, não conseguem trabalhar em áreas inclinadas, na beirada de córregos", disse. "Aumenta a cana e a preservação ambiental. Não é incompatível."A ação do governo do Estado em relação à cana se concentra agora em preservar o sul do Estado da cultura. O secretário da Agricultura e Abastecimento, João Sampaio, lembrou que não haverá licenciamento ambiental para usinas naquela região, seguindo o protocolo agroambiental firmado com o setor em 2007. "O Estado não vai dar licença, portanto, não vai ter ampliação da cana nessa área", disse Sampaio. "Do ponto de vista ambiental, não é desejável."
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