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Diversidade e Inclusão

Internet brasileira atinge pior nível de acessibilidade digital

País tem 21 milhões de websites ativos, praticamente todos com impedimentos para pessoas com deficiência. Exclusão em massa afronta a Lei Brasileira de Inclusão.

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Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura

Internet sem acessibilidade digital gera exclusão em massa da população com deficiência. Foto: Reprodução.


Os índices de acessibilidade digital da internet brasileira são os piores da história, segundo dois estudos divulgados neste mês. O primeiro levantamento da TIC Web Acessibilidade / Ceweb.br mostra que somente 0,7% dos portais e páginas sob o domínio gov.br (federais, estaduais e municipais) são plenamente acessíveis. E a quarta edição da pesquisa BigDataCorp / Movimento Web Para Todos constatou que apenas 0,46% dos 21 milhões de websites do País estão livres de barreiras para pessoas com deficiência, o nível mais baixo já registrado desde a estreia desse trabalho, em 2019.

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O resultado é a exclusão em massa da população com deficiência, com impedimentos para solicitação de serviços públicos, compras online, consumo de informações - inclusive notícias - e navegação em geral pela web. Além da afronta direta à Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (nº 13.146/2015).

"É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente", determina o artigo 63 da LBI.

Governo - A plataforma TIC Web Acessibilidade do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) do Ceweb.br (Centro de Estudos sobre Tecnologias Web), elaborada com o Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG), analisou 316.791 páginas em 504 portais gov.br, com base no Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (eMAG). Somente 2.445 páginas atingiram o nível de conformidade entre 95% e 100%.

A ferramenta verifica regras da linguagem de marcação para a criação de páginas HTML e observa o uso correto dos níveis de cabeçalho, que o eMAG estabelece de forma hierárquica para organizar conteúdos. Leitores de tela usam essa hierarquia e pulam de um cabeçalho para outro, o que agiliza a navegação.

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Segundo Reinaldo Ferraz, especialista em desenvolvimento Web do Ceweb.br|NIC.br, apenas uma página não apresentou nenhum erro. O gerente do Ceweb.br|NIC.br, Vagner Diniz, reforçou que, quando padrões são desrespeitados, usuários de navegadores não convencionais ou de tecnologias de apoio enfrentam problemas na exibição do conteúdo, como sobreposição de texto e design quebrado, e até conteúdo que não é exibido em tela.

Ainda na avaliação de sites gov.br, a pesquisa da BigDataCorp com o Movimento Web Para Todos registrou falha em 99,79% das páginas. O estudo verifica a marcação do HTML, a acessibilidade de campos de formulário e botões, se links abrem em nova janela sem avisar ao usuário e se imagens têm texto alternativo.

Internet bloqueada - Na comparação com o ano passado, o estudo BigDataCorp/WPT validou uma quantidade 25% maior de páginas (21 milhões de sites ativos de todos os tipos no País).

Thoran Rodrigues, CEO da BigDataCorp, afirma que os números gerais pioraram praticamente em todos os sites. E que a explicação para isso é o crescimento da quantidade de sites ativos, principalmente pequenos, para os quais acessibilidade não é prioridade. Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos, lembrou que sites pequenos costumam ser criados em plataformas de construção automática, sem autonomia técnica, o que chama a atenção para a responsabilidade na oferta de soluções com acessibilidade nativa.


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