Diversidade e Inclusão

USP, Unicamp, Unesp e Univesp incluem disciplina sobre pessoas com deficiência na grade de aulas; VEJA O PLANO DE ENSINO

Episódio 174 da coluna Vencer Limites no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado.

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Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura

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Temáticas fundamentais da população com deficiência agora fazem parte das aulas oferecidas aos alunos de todos os cursos de quatro faculdades públicas de São Paulo: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), vinculadas à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTI).

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A 'Disciplina Paulista de Acessibilidade e Inclusão', articulada pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD), é opcional, online em vídeos com os recursos de acessibilidade específicos, e já está disponível na plataforma da Univesp. São 16 mil vagas por ano, divididas em oito mil por semestre.

É coordenada e ministrada pela professora Vera Lucia Messias Fialho Capellini, presidente da Comissão de Acessibilidade e Inclusão da Unesp, titular e diretora do Departamento de Educação da Faculdade de Ciências (FC) da Unesp de Bauru.

Segundo dados do Observatório dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o estado de SP tem aproximadamente 3,3 milhões de habitantes com deficiência.

Marcos da Costa, secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência, explica o conceito e detalha a disciplina. "Aborda questões essenciais, como as barreiras físicas, atitudinais, tecnológicas e pedagógicas, que dificultam a inclusão, também discute os direitos das pessoas com deficiência, a construção de uma cultura inclusiva, o uso de tecnologias assistivas e o conceito do desenho universal na aprendizagem, além de reorganizar o trabalho pedagógico com foco na diversidade".

De acordo com o secretário, o conteúdo também proporciona uma reflexão profunda sobre os conceitos filosóficos, em prol da inclusão, engloba temas como deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades, e ressalta a importância da acessibilidade em todos os contextos sociais.

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"O objetivo é claro, formar profissionais conscientes e preparados para atender todas as pessoas com dignidade e respeito, especialmente as pessoas com deficiência. Essa iniciativa reflete a nossa crença no poder transformador da educação para a construção de uma sociedade mais acessível e inclusiva. Não é apenas uma política educacional, mas um convite à transformação social, um chamado à quebra de preconceitos e à construção de um mundo onde todos tenham igualdade de oportunidades", diz Marcos da Costa.

Entre os principais temas estão a análise de barreiras físicas, atitudinais, tecnológicas e pedagógicas, além do estudo dos direitos das pessoas com deficiência e da importância da cultura inclusiva.

Os estudantes também terão acesso a conceitos sobre tecnologia assistiva e desenho universal para a aprendizagem, práticas pedagógicas voltadas à diversidade, e discussões filosóficas e éticas sobre inclusão.

É um projeto muito importante, especialmente neste momento de abandono das práticas de diversidade por grandes corporações globais, em um sinal preocupante de retrocesso a ideias ultrapassadas e de percepções distorcidas a respeito de pessoas que lutam pela própria dignidade e pelo direito de serem quem são.


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Pulo para trás - Na semana passada, a Meta, dona de Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp, anunciou o fim de seu programa de diversidade, equidade e inclusão. Outras gigantes, entre elas McDonald's, Walmart e Harley-Davidson também extinguiram ou modificaram essas práticas nos EUA.

O alvo principal é a população LGBTQIAPN+, que está no centro da atenção do discursos de ódio e discriminação. Na sociedade norte-americana, há uma batalha sobre a chamada 'cultura woke' - 'acordei', em inglês - termo que surgiu na comunidade afro-americana e significava 'estar alerta para a injustiça racial', mas que atualmente abrange outros temas sociais e políticos.

Defensores dizem que 'ser woke' é ter consciência social e racial, questionar paradigmas e normas opressoras impostos pela sociedade. Críticos afirmam que uma pessoa 'woke' e hipócrita, acredita ser moralmente superior e quer impor ideias progressistas com métodos coercitivos e policiamento da linguagem em expressões e ideias consideradas misóginas, homofóbicas ou racistas.

Questionei a Arco Dorados, operadora da marca McDonald's na América Latina e no Caribe, sobre os reflexos no Brasil da decisão da rede nos EUA de modificar diretrizes de diversidade e inclusão. A empresa afirma que, por aqui, principalmente no que diz respeito à contratação de pessoas com deficiência na rede brasileira, estão mantidas as práticas.

Ainda que essas decisões não sejam direcionadas aos trabalhadores com deficiência, elas podem criar um ambiente assistencialista e excludente pior do que já é imposto a quem tem deficiência e busca trabalho.

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Desinformação - O fim da checagem de fatos nas plataformas da Meta (Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp), que replica a prática do X (antigo Twitter), vai gerar muitos problemas para as pessoas com deficiência porque temáticas do povo com deficiência são temas habituais de vídeos e posts em todas as redes sociais e plataformas, inclusive TikTok e YouTube, com informações erradas, invencionices e distorção de fatos.

É sempre necessário repetir que apurar dados, confirmar informações, verificar fontes, consultar publicações (livros, principalmente, mas também páginas oficiais, textos completos de projetos e de leis) não são ataques à liberdade de expressão ou censura, ao contrário, são medidas de cuidado e prevenção à desinformação usada de maneira tática e maldosa para destruir reputações e propagar falsidade. Redes sociais ajudam muito a entender a realidade das pessoas com deficiência, principalmente quando as publicações são genuínas, honestas, e geram reflexão sobre esse universo, a função da acessibilidade e o poder positivo da inclusão, mas é um campo desenfreado e usado sem qualquer responsabilidade com a qualidade da informação.

Na próprias redes sociais, quem aplaude a decisão de Mark Zuckerberg diz que os incomodados devem extinguir seus perfis, mas ainda isso seja feito, a desinformação permanece e sim, teremos problemas, muitos.

LEIA TAMBÉM: Sem checagem de fatos e defesa da diversidade, redes sociais serão, ou já são, apenas um antro de discriminação e ódio


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