Vendas do Grupo Pão de Açúcar desaceleram no 4o tri e ações caem

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Por VIVIAN PEREIRA
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O Grupo Pão de Açúcar fechou o quarto trimestre, o mais importante para o varejo, com vendas maiores na comparação anual, porém em ritmo inferior ao visto nos três meses anteriores, sinalizando que o setor de consumo pode não ter deixado totalmente para trás a desaceleração do crescimento. A maior varejista do país teve vendas líquidas de 14,584 bilhões de reais entre outubro e dezembro, alta de 9,1 por cento sobre um ano antes, no trimestre marcado pelo Natal. De julho a setembro, as vendas líquidas haviam crescido 9,7 por cento na comparação anual. Já no conceito mesmas lojas --que considera apenas unidades em operação há pelo menos 12 meses--, as vendas subiram 5,8 por cento no quarto trimestre, também abaixo do avanço de 7,1 por cento apurado nos três meses anteriores. "Houve uma acomodação (das vendas) no quarto trimestre, mas superamos o fraco segundo trimestre e ficou dentro do que esperávamos", disse à Reuters nesta sexta-feira o diretor de Relações Corporativas e de Relações com Investidores do grupo, Vitor Fagá. "Sempre poderia ter sido melhor, mas foi um bom final de ano, na relação anual." As ações do Pão de Açúcar exibiam queda de 3,5 por cento às 13h03, a 88,74 reais. Era a maior baixa entre os papéis que integram o Ibovespa, que recuava 0,5 por cento. Assim como outras varejistas, o Pão de Açúcar viu as vendas crescerem menos que o esperado ao longo dos trimestres do ano passado, com os consumidores mais cautelosos apesar de medidas de incentivo adotadas pelo governo. Nesse sentido, a aposta da companhia estava no último trimestre do ano. Em agosto, o presidente-executivo do Pão de Açúcar, Enéas Pestana, afirmou que a empresa deveria ter um quarto trimestre melhor que o de 2011, referindo-se ao período que conta com as vendas de Natal, que chegam a ser entre 40 e 60 por cento superiores às de um mês convencional. Segundo Fagá, as vendas no período de Natal foram cerca de 7 por cento maiores ante 2011 e ficaram "dentro do esperado, já que era uma base de comparação anual forte". Para este ano, o executivo disse que o grupo trabalha com uma perspectiva mais positiva, apesar da tendência de crescimento mais moderado do consumo, em meio a mudanças de comportamento do consumidor. "Estamos muito otimistas com 2013, considerando a previsão de crescimento da economia e queda de juros", disse ele. "Temos observado uma mudança de hábito do consumidor, que está comprando com frequência maior, mas em menor quantidade." No fechado de 2012, as vendas líquidas do Pão de Açúcar somaram 50,924 bilhões de reais, 9,3 por cento maiores ante 2011. As vendas comparáveis (mesmas lojas) foram 7 por cento superiores em 2012, também em patamar inferior ao do ano anterior, quando houve alta de 8,8 por cento. As vendas brutas, enquanto isso, cresceram 8,6 por cento, a 57,234 bilhões de reais em 2012. O grupo havia projetado no início do ano passado que o faturamento seria superior a 57,2 bilhões de reais, projeção considerada conservadora pela própria companhia, em meio ao cenário de retomada gradual da demanda. NOVAS LOJAS O Pão de Açúcar inaugurou 95 lojas em 2012, sendo 63 no setor de supermercados e 32 da ViaVarejo, número inferior ao planejado pela companhia, de abrir entre 70 e 80 lojas na área alimentar e outras 50 a 60 unidades em eletroeletrônicos. "Aceleramos o ritmo de abertura a partir do terceiro trimestre, o que impactou o número fechado do ano", afirmou Fagá, ponderando que em relação a 2011, quando foram inauguradas 41 lojas, o número mais que dobrou. "Vamos ter ritmo de abertura em 2013 muito diferente dos anos anteriores... Apenas no quarto trimestre abrimos 51 lojas", acrescentou. Na quinta-feira, Pestana afirmou em newsletter do grupo à imprensa que o grupo estima abrir 500 lojas nos próximos três anos, sendo a maior parte unidades de pequeno formato, sob a bandeira Minimercado Extra. "A meta é ambiciosa e agressiva, mas factível se mantivermos o ritmo de 51 lojas do quarto trimestre... Teremos mais de 100 novas lojas em 2013", disse Fagá. O grupo, que desde o meio do ano passado é controlado pelo francês Casino, deve ter fechado 2012 com investimentos perto de 1,8 bilhão de reais, em linha com o previsto, segundo o diretor. Os dados consolidados do ano passado e as projeções para 2013 ainda não foram divulgadas.