O governo da Venezuela aceitou a "decisão soberana" do governo da Colômbia de dar por encerrada a mediação do presidente Hugo Chávez com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em busca de um acordo humanitário para a libertação de reféns, mas disse estar "frustrado" com a decisão. "A Venezuela aceita esta decisão soberana do governo da Colômbia, mas manifesta sua frustração, já que desta maneira se aborta um processo que se vinha levando com pulso firme em meio a grandes dificuldades, havendo obtido importantes avanços em apenas três meses", disse a chancelaria venezuelana em um comunicado divulgado nesta quinta-feira. O governo da Colômbia anunciou na noite de quarta-feira que decidiu "dar por encerrada" a mediação realizada por Chávez com as Farc porque o presidente venezuelano teria desrespeitado um acordo em que havia se comprometido em não falar diretamente com o alto comando militar colombiano a respeito da questão dos reféns. A Venezuela qualificou de "lamentável" a decisão, ao afirmar que os avanços obtidos pelo presidente venezuelano faziam crer na solução do conflito "e do drama que afeta a nossa querida e irmã Colômbia", diz o comunicado. Desde agosto, Chávez vinha atuando como mediador entre o governo da Colômbia e as Farc na busca de um acordo humanitário que permitisse que 49 reféns fossem soltos em troca da libertação de cerca de 500 integrantes do grupo guerrilheiro que estão presos. A decisão do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, coloca um ponto final às esperanças dos familiares dos 49 reféns em poder das Farc, que confiavam que o mandatário venezuelano poderia conseguir dar fim ao seqüestro, que para alguns já dura 10 anos. Um assessor do presidente colombiano que seu governo não vai voltar atrás na decisão. Entre os reféns está a ex-candidata presidencial franco-colombiana Ingrid Betancourt. Na terça-feira, em visita à França, Chávez disse que as Farc haviam prometido enviar até o final do ano uma prova de que a refém estava viva. No comunicado divulgado nesta quinta-feira, o governo venezuelano pede aos familiares dos seqüestrados que "tenham fé, primeiro em Deus e logo no bom juízo dos que têm nas suas mãos o poder para tomar em tempo sábias retificações e decisões posteriores". Uribe disse nesta quinta-feira que continuará em busca de uma troca de prisioneiros com as Farc, mas sem que isso coloque em risco a luta contra a guerrilha. "Há que fazer todos os esforços pela paz e o acordo humanitário, mas levando em conta que não se pode colocar em risco a segurança democrática, que é o que finalmente vai nos trazer a paz e acabar com os seqüestros que tanto têm afetado nosso país", disse Uribe, durante um ato público realizado em Bogotá. O governo francês também se pronunciou nesta quinta-feira. "Continuamos pensando que a gestão Chávez é a melhor opção para a libertação dos reféns", disse o porta-voz do presidente Nicolas Sarkozy, David Martinon. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
Notícias em alta | Brasil
Veja mais em brasil