O número de mortos após seis dias de distúrbios religiosos no oeste de Mianmar chegou a pelo menos 112 na sexta-feira, e as forças de segurança do país estão usando força letal para controlar os confrontos entre budistas e muçulmanos. A ONU alertou que a nascente democracia do país pode ser "irreparavelmente prejudicada" pelos confrontos, que ocorrem apenas cinco meses depois de uma onda de violência que matou mais de 80 mil pessoas e deixou pelo menos 75 mil desabrigados na mesma região. Membros da etnia budista rakhine disseram à Reuters que foram alvejados por policiais e soldados que tentavam impor a ordem no Estado de Rakhine, onde os confrontos contra o grupo étnico muçulmano ronihgya tomam conta de vários distritos, inclusive Kyaukpyu, ponto inicial de um oleoduto que liga Mianmar à China. O número de mortos dobrou desde quarta-feira, numa escalada que põe à prova a capacidade do governo reformista de conter as históricas tensões étnicas e religiosas que foram reprimidas durante quase meio século de regime militar, encerrado no ano passado. Win Myaing, porta-voz do governo do Estado de Rakhine, disse que 112 pessoas, incluindo 61 mulheres, foram mortas até sexta-feira, e que 72 ficaram feridas. Até quarta-feira, pelo menos 2.000 casas e oito edifícios religiosos haviam sido destruídos, segundo a presidência birmanesa.