O ex-ministro José Dirceu, condenado nesta terça-feira pela maioria do STF na ação penal do chamado mensalão, disse que aceitaria a decisão, que chamou de "juízo de exceção, mas afirmou que não se calará e não se abaterá. Seis ministros do Supremo condenaram Dirceu por corrupção ativa. O ex-ministro-chefe da Casa Civil é acusado de ser mentor e "líder da quadrilha" responsável pelo esquema de compra de apoio parlamentar ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revelado em 2005. Ele é acusado, ainda, de formação de quadrilha. "Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da imprensa, me condena como corruptor, contrário ao que dizem os autos, que clamam por justiça e registram, para sempre, a ausência de provas e a minha inocência", escreveu Dirceu em seu blog após a decisão do STF. "O Estado de Direito Democrático e os princípios constitucionais não aceitam um juízo político e de exceção", afirmou. Dirceu, que renunciou ao cargo de ministro na esteira do escândalo e retomou seu mandato de deputado federal, à época, mas acabou cassado, lembrou da prisão em Ibiúna em outubro de 1968, quando participava de congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), e que, no ano seguinte, foi banido do país, tendo voltado na clandestinidade durante a ditadura militar. "Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou acatar a decisão, mas não me calarei. Continuarei a lutar até provar minha inocência. Não abandonarei a luta. Não me deixarei abater", disse. "Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a covardia moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram contra mim nestes últimos anos, será minha razão de viver.". A defesa de Dirceu sustentou não haver provas que revelem a participação do ex-ministro no esquema. O advogado de Dirceu, José Luis de Oliveira Lima, disse que a condenação do Supremo parte de uma "análise equivocada" dos ministros. "No entendimento da defesa, o Supremo Tribunal Federal (STF) fez uma análise equivocada, (mas) olhares diferentes fazem parte do Estado democrático de direito", disse o advogado a jornalistas. Os ministros Celso de Mello e Carlos Ayres Britto, presidente da Corte, ainda votarão. Apesar de remota, os ministros que já votaram poderão rever seus votos até a proclamação da sentença. (Por Hugo Bachega)
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