A empresa de internet Yahoo! chegou a um acordo no processo em que é acusada de ter fornecido informações ao governo chinês que levaram à prisão de dissidentes. Em um comunicado, a organização americana de direitos humanos "World Organization for Human Rights", que iniciou o processo contra a empresa em nome dos dissidentes, disse que o Yahoo! decidiu aceitar um acordo depois de ter sido criticado em uma audiência realizada no Congresso dos Estados Unidos no último dia 6. Não foram divulgados detalhes do acordo, fechado fora dos tribunais, mas sabe-se que a empresa vai pagar os custos legais e prestar ajuda legal e financeira aos dissidentes envolvidos no caso. O processo foi movido em nome dos jornalistas chineses Shi Tao e Wang Xiaoning e da esposa deste, Yu Ling. Tao cumpre 10 anos de prisão, acusado de subversão. Ele foi preso depois que o Yahoo! forneceu seus dados para autoridades chinesas. O jornalista havia divulgado na internet uma ordem do governo chinês proibindo os meios de comunicação de lembrar o aniversário do massacre da Praça da Paz Celestial, ocorrido em 1989. O Yahoo! afirmava que deve seguir as leis locais nas regiões em que opera. No entanto, admitiu que o fornecimento de informações sobre usuários ao governo chinês levou a prisões. Na audiência da semana passada, uma comissão do Congresso americano criticou o Yahoo! por não ter fornecido detalhes de sua participação no caso da prisão dos jornalistas ao Comitê de Assuntos Externos em fevereiro do ano passado. Segundo a comissão, a empresa foi, "na melhor das hipóteses, negligente". Na época, o vice-presidente executivo do Yahoo!, Michael Callahan, disse ao comitê que não sabia por que as autoridades chinesas queriam informações sobre Shi Tao. No entanto, em uma carta enviada ao Congresso na semana passada, Callahan admitiu que outros funcionários do Yahoo! tinham um documento afirmando que a investigação sobre Shi Tao estava relacionada à "suspeita de fornecimento ilegal de segredos de Estado". Callahan disse que só ficou sabendo dessa informação meses depois de seu testemunho ao comitê em 2006 e pediu desculpas pelo "mal-entendido". O envolvimento do Yahoo! no caso da prisão dos dissidentes chineses provocou um debate em torno da responsabilidade das empresas americanas de internet de proteger o anonimato de seus usuários nos países em que atuam. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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