Fim do mistério? Lua perdida há muito tempo pode ser responsável pela origem dos anéis de Saturno

O sexto planeta ao redor do Sol se formou há 4,5 bilhões de anos, nas origens do Sistema Solar

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Por Redação
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WASHINGTON - Entre todos os planetas do nosso Sistema Solar, Saturno é certamente o que mais atrai a imaginação, graças aos seus imensos anéis. Mas não há consenso entre os especialistas sobre sua origem ou formação, nem mesmo sobre sua idade.

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No entanto, um estudo publicado na quinta-feira, 15, na revista científica Science tenta fornecer uma resposta a essa pergunta de longa data.

De acordo com a pesquisa, há 100 milhões de anos, uma lua se partiu e ficou muito perto de Saturno e seus restos foram então colocados em órbita ao redor do planeta.

“Os anéis de Saturno foram descobertos por Galileu há cerca de 400 anos, e é um dos objetos mais interessantes do Sistema Solar para observar através de um pequeno telescópio”, afirma Jack Wisdom, autor do estudo.

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“É gratificante encontrar uma explicação plausível para sua formação”, acrescentou o professor de ciências planetárias do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Saturno, o sexto planeta ao redor do Sol, formou-se há 4,5 bilhões de anos, nas origens do Sistema Solar. Mas, há algumas décadas, os cientistas afirmaram que os anéis de Saturno apareceram muito mais tarde: há cerca de 100 milhões de anos.

O sexto planeta ao redor do Sol se formou há 4,5 bilhões de anos, nas origens do Sistema Solar.  Foto: Nasa


Essa hipótese foi reforçada por observações da sonda Cassini, lançada em 1997 e aposentada em 2017. “Mas, como ninguém conseguiu determinar como esses anéis apareceram apenas há 100 milhões de anos, alguns questionaram o raciocínio”, explica Wisdom.

O professor e seus colegas construíram então um modelo complexo que permite não apenas explicar seu aparecimento recente, mas também entender a inclinação do planeta.

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O eixo de rotação de Saturno está inclinado 26,7° em relação à sua vertical. E como este planeta é um gigante gasoso, seria de esperar que o processo de acumulação de matéria que levou à sua formação impedisse essa inclinação.

Os pesquisadores, por meio de complexos modelos matemáticos, chegaram a uma descoberta recente: Titã, o maior satélite da Saturno (dos mais de 80 que possui), se afasta a uma taxa de 11 centímetros por ano.

Esse movimento modificou gradualmente a frequência com que o eixo de rotação de Saturno faz uma revolução completa em torno da vertical, um pouco como um pião inclinado.

Um detalhe importante: há cerca de 1 bilhão de anos, essa frequência entrou em sincronia com a frequência da órbita de Netuno; um mecanismo poderoso que causou a inclinação de Saturno até 36°.

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No entanto, os pesquisadores observaram que essa sincronização entre Saturno e Netuno (chamada de ressonância) não era mais exata e apenas um evento poderoso poderia interrompê-la.

Eles avançaram a hipótese de que uma Lua com uma órbita caótica chegou muito perto de Saturno, até que forças gravitacionais conflitantes o fizeram se separar. “Ela se partiu em vários pedaços, e esses pedaços, também deslocados, aos poucos formaram anéis”, explica Wisdom.

A influência de Titã, que continuou a retroceder, finalmente reduziu a inclinação de Saturno ao nível que pode ser observado hoje.

Crisálida

Wisdom batizou a lua de Chrysalis (Crisálida), comparando o aparecimento dos anéis de Saturno a uma borboleta que emerge de um casulo.

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Os cientistas pensaram que Crisálida fosse um pouco menor do que a Lua da Terra, e mais ou menos do tamanho de outro satélite de Saturno, Jápeto, quase totalmente formado por gelo.

“É plausível então lançar a hipótese de que a Crisálida também é feita de água congelada, necessária para criar os anéis”, diz o professor.

Você acha que resolveu o mistério dos anéis de Saturno? “Demos uma boa contribuição”, respondeu ele, antes de acrescentar que o sistema ainda contém “muitos mistérios”. /AFP

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