ONU alerta para destruição da biodiversidade

Novo atlas revela que atividades humanas alteraram 47% da superfície terrestre

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Por Agencia Estado
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O novo Atlas Mundial da Biodiversidade: Recursos Vivos da Terra para o Século 21, lançado nesta semana, em Londres, pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostra a importância das florestas, áreas úmidas, ecossistemas costeiros e marinhos e outros ambientes naturais para a manutenção da biodiversidade global. Segundo o atlas, as atividades humanas levaram a perdas de biodiversidade em ritmo alarmante. As estimativas da ONU revelam que nos últimos 150 anos os homens impactaram ou alteraram, diretamente, cerca de 47% da área terrestre. Estão mapeadas na publicação, por exemplo, as áreas de maior concentração de biodiversidade do planeta, com grande destaque para a Amazônia, assim como as regiões mais vulneráveis, entre as quais se destaca a mata atlântica brasileira. A divisão do mundo em hotspots e ecorregiões também está representada e há uma série de mapas da evolução da biodiversidade através do tempo e sua relação com a humanidade. Estima-se que, até agora, menos de 1% das 250 mil plantas tropicais conhecidas tiveram seu potencial pesquisado para uso farmacêutico. Mesmo assim, 80% das pessoas que vivem em países em desenvolvimento dependem diretamente de remédios derivados de plantas ou animais. Para estes, a perda de biodiversidade tem efeito direto e imediato sobre a saúde e a qualidade de vida. Nos países desenvolvidos, a dependência é menos direta, mas igualmente importante. Só nos Estados Unidos, 56% das 150 drogas mais usadas, que movimentam um mercado de US$ 80 bilhões, estão relacionadas a pesquisas feitas com fauna e flora silvestre. Perdas A humanidade também depende da biodiversidade - e da boa saúde dos ecossistemas - para extrair ou produzir alimentos, cosméticos, novos materiais e processos. A agricultura, que hoje ocupa 22% da superfície terrestre do planeta, deve se expandir particularmente no sudoeste asiático, na Bacia do Congo e na Amazônia, com graves perdas da biodiversidade concentrada nas florestas tropicais destas regiões. E num dos cenários traçados na publicação para o ano 2032, a humanidade poderá perder 72% da biodiversidade se não forem tomadas providências urgentes para reduzir os desmatamentos e a destruição de hábitats. Segundo cálculos da equipe do World Conservation Monitoring Center (WCMC) do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Pnuma), responsável pela produção do atlas, a humanidade hoje converte 40% da produtividade do planeta para seu próprio benefício, de uma forma destrutiva e insustentável, dilapidando o capital natural do planeta. Incentivos "Nós deveríamos repassar aos países em desenvolvimento, que abrigam a maior parte da biodiversidade do planeta, incentivos econômicos para a proteção da vida selvagem, através do pagamento apropriado pelas plantas e animais cujos genes são usados em novas drogas ou variedades agrícolas", observou Klaus Toepfer, diretor do Pnuma. "É vital que revertamos as atuais práticas insustentáveis, ao aproveitar as oportunidades apresentadas pela riqueza natural do planeta, usando novas e criativas maneiras de explorar as plantas e animais com a repartição dos benefícios entre todos." Toepfer ainda defendeu que o uso responsável dos tesouros naturais do planeta poderia ter um papel-chave na redução da pobreza e, por isso, deveria ser uma questão central a ser discutida durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), em Johannesburgo, no fim do mês. De acordo com Kofi Annan, secretário geral da ONU, "a biodiversidade é, junto com a água, energia, saúde e agricultura, uma das cinco áreas prioritárias das Nações Unidas".

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