Num esforço para reduzir a contaminação por chumbo - metal pesado, tóxico para humanos e animais, bioacumulativo e muito persistente no meio ambiente - um grupo técnico da Convenção da Basiléia acaba de publicar diretrizes para a reciclagem segura de baterias usadas. As medidas foram aprovadas numa reunião realizada em Genebra, na Suíça, na semana passada, e deverão ser anexadas ao texto da convenção na próxima conferência das partes, prevista para dezembro, também em Genebra. A Convenção da Basiléia foi assinada em 1989 e tem 150 países membros. Regula o transporte e disposição de resíduos tóxicos e obriga à redução na produção de substâncias perigosas. A produção mundial de chumbo chega perto das 2,5 milhões de toneladas por ano e cerca de 75% disso é usado na fabricação de baterias industriais, automotivas e de equipamentos portáteis. De acordo com o novo documento, os vazamentos de chumbo durante a reciclagem ou disposição inadequada de baterias são, hoje, a principal fonte de contaminação, que atinge, em especial, os trabalhadores de recicladoras e vizinhos próximos. A reciclagem do chumbo é economicamente atraente, por cortar cerca de 25% do consumo da energia gasta no beneficiamento do metal primário. Mas, em muitos países, ainda é feita em oficinas de fundo de quintal e de modo precário: as baterias são abertas manualmente, às vezes com machados, e os trabalhadores manipulam os líquidos contendo chumbo sem qualquer proteção. A inalação de poeira ou vapores contendo chumbo causa intoxicações agudas, mas, o mais comum, é o contato contínuo com chumbo em pequenas doses, que leva a problemas crônicos de saúde. O chumbo é absorvido pela boca e pulmões e não é metabolizado, ou seja, acumula-se no organismo ao longo dos anos, atingindo sobretudo os ossos e o sistema nervoso. Os sintomas de intoxicação crônica são dores de cabeça, fadiga, dores nos ossos e músculos, perda de memória e apetite, paralisia e convulsões, sendo que as crianças são mais suscetíveis a problemas neurológicos graves. Em suas 64 páginas, o documento com as diretrizes da Convenção da Basiléia inclui formas menos arriscadas de coleta das baterias; normas para o transporte e estocagem segura; tecnologias apropriadas para a reciclagem; processos para refinamento do líquido drenado das baterias, de modo a reduzir os contaminantes; sugestões de leis de controle e responsabilização de fabricantes; incentivos econômicos para tirar recicladoras do mercado informal; cuidados médicos e dicas para a conscientização pública.