As baleias de todo o planeta terão seu futuro decidido nesta semana, em uma reunião internacional na cidade japonesa de Shimonoseki, onde começa hoje a etapa ministerial da reunião anual da Comissão Baleeira Internacional (CBI). A situação, para as baleias, já esteve melhor. Desde 1986, quando a CBI aprovou uma moratória mundial da caça do animal, o Japão tem desafiado sistematicamente essa decisão, realizando anualmente caças denominadas "científicas" na região da Antártida, começando em novembro de cada ano e indo até março do ano seguinte - em média, foram abatidas nessas ocasiões 450 baleias minke. Essa caçada é patrocinada pelo ministério de pesca do governo japonês. Isso mesmo. Para os japoneses, baleias são peixes. Neste ano, animados com a reunião da CBI na cidade - sede das empresas que fazem a expedição anual à Antártida -, o governo e as empresas organizaram manifestações públicas com simpatizantes da caça. Um dos slogans usados na manifestação de sexta feira foi: "Proteja-as. Coma-as!" Outro recorria ao orgulho japonês, que anda baixo nesses tempos de crise econômica: "Retomar a caçada! Lute por isto, Japão!" Tudo com um toque militarista, bem ao gosto da tradição belicista. Pressão - Não bastasse a pressão dessa torcida organizada, os ministros dos países que têm lutado pela proteção do que resta de baleias pelo mundo, com o Brasil incluído, vão enfrentar outro problema. As ONGs que acompanham a reunião - WWF, Greenpeace, Whale Watch, entre outras - acusam o governo japonês de comprar o voto de países que, em troca de investimentos nos seus territórios, inscreveram-se na CBI para votar a favor da proposta japonesa de revogação da moratória da caça. Mesmo assim, o cenário ainda está indefinido. A volta à caça precisa de dois terços dos votos para ser aprovada.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.