'A guerra contra as drogas não adianta'

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Por Redação
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Terence WinterRoteirista de Boardwalk Empire, Terrence Winter formou-se em Direito e exerceu por dois anos a profissão, antes de pensar que precisava fazer algo diferente. Foi então que rumou para Los Angeles, onde conseguiu um lugar na disputada Warner, e onde passou a escrever para produções de qualidade duvidosa. "Fiz séries muito ruins, pode olhar no meu currículo (risos). Mas aceitava tudo o que me ofereciam e pensava que aquilo era dez vezes mais legal do que tudo o que eu já tinha feito", disse Winter em entrevista à imprensa internacional.Foi apenas em 1999 que escreveu, ao lado de David Chase, a aclamada Os Sopranos que sua vida mudou. "Percebi que podia fazer algo de qualidade. Graças ao David, que quebrou barreiras na TV e com quem aprendi muito", Por que você gosta tanto de fazer séries de gângsteres?Eles sempre foram muito interessantes para mim. Cresci no Brooklyn, em Nova York, que tem uma atmosfera bem gângster (risos). Desde criança gosto de assistir a filmes e ler histórias desse tipo. Me fascina ver a vida de quem vive fora das regras, que faz o que quer. Por que Joe Soprano ou Nucky Thompson são interessantes? Olhe para o Nucky: ele vive num hotel, acorda às 16h, dorme com vedetes, ganha dinheiro, faz o que quer, todo mundo o respeita. Quem não queria ser esse cara? As pessoas gostam de entrar no mundo dos gângsteres, sem se envolver, no conforto da sua sala de estar.Sabemos que a Lei Seca não funcionou. Com relação às drogas, você é a favor de uma política mais liberal?A guerra contra as drogas claramente não funciona. É injusto chegar para uma criança carente e dizer: 'para você ter dinheiro ou você vai pra faculdade, estuda por 8 anos, e se, você tiver sorte e trabalhar duro, talvez um dia tenha dinheiro para comprar aquele carro. Ou você fica naquela esquina vendendo crack e pode comprar o carro em uma semana. O que você escolhe?' Não existe muita escolha para essas crianças. A Lei Seca fez de criminosos milionários, é responsável pelo crime organizado. É o que está acontecendo agora.É estranho porque, às vezes, seus personagens são verdadeiros sociopatas, mas a gente se compadece. De onde você tira inspiração para eles?Eu amo sociopatas (risos). Se você é honesto em retratar uma pessoa com todas as suas cores, até os sociopatas vão parecer próximos e você pode se identificar de alguma forma. Você verá que até o Al Capone tinha mulher, um filho surdo que ele amava e tudo o mais. E é doido, porque ele é um assassino... E é aí que você o vê de uma maneira mais consistente e completa. O que fez vocês pensarem que o Steve tinha potencial para ser Nucky Thompson?Além de ele ser um amor de pessoa, um cara normal, sem estrelismos de Hollywood, não tem uma emoção que ele não transmita de um jeito convincente. Ele pode ser engraçado, assustador, compreensivo, romântico. É um ator muito versátil.Mas você também fez Os Sopranos.Sim, fui abençoado com a oportunidade de trabalhar em Os Sopranos, algo realmente bom, e que mudou tudo. Foi quando pensei: "Bom, posso fazer algo de qualidade". E essa oportunidade de trabalhar com o Martin Scorsese está sendo muito boa, ainda não acredito. Estou trabalhando num outro projeto com ele, uma série com o Scorsese e o Mick Jagger (série sobre música, para a HBO, que tem o nome provisório de History of Music). E dia desses me peguei num quarto de hotel com o Michael e o Mick e pensei: "Fiquei doido. Isso não está acontecendo"; Cara, eles eram meus heróis e agora trabalho com esses caras. Ainda hoje é estranho pra mim pensar em toda essa transformação na minha vida. / ALLINE DAUROIZ

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