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Alex Hornest

Cresceu na periferia, começou 'Pintando Letras', virou o grafiteiro 'Onesto'; hoje é pintor, escultor, artista multimídia e curador da Cavalera art Projects

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Em geral, quem tem oportunidade de se tornar artista plástico no Brasil está mais ligado à elite. Sentiu dificuldade de entrar para o mundo das artes por ter crescido no subúrbio paulistano?

Minha infância foi de um típico garoto de classe média da periferia. Poderia até ter sido difícil, mas eu não percebia, tamanha a vontade de fazer as coisas. Tenho um tio que é pintor. Sempre que ia visitá-lo, era uma alegria. E sempre gostei de trabalhar com materiais alternativos, com coisas que catava na rua, o que "barateava" a criação.

Crescer em uma cidade como São Paulo foi decisivo?

Sim. Aqui há, além da realidade, a informação. Na periferia, que em geral não tem opções de lazer e cultura, o grafite muda o lugar, amplia seus horizontes.

Por isso que grafite e pichação estão tão ligados à periferia?

Sim. Acaba sendo, sim, uma arte social. Participei de todo o movimento de arte urbana, punk, "faça você mesmo", fanzines. Não se depende de nada para pintar na rua. Só de disposição de fazer algo com paixão.

Grafite é diferente de pichação?

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Não. O princípio dos dois é aparecer, deixar marca. Um tem cor. Outro não. Comecei pintando letra. Pichação é arte. Pichadores desenvolvem uma caligrafia própria. Grafite é tag. E tag é escrever seu nome na rua. Muitos artistas estrangeiros que vêm para cá, vêm por causa da pichação.

Foi difícil fazer a transição do grafite para as galerias?

Não, porque o grafite me ajudou. Viam meu trabalho na rua e me convidavam para expor em galerias. Mas recusava. Tinha a ideia de que grafite era anonimato, pintar onde não era autorizado.

Por isso você é Alex Hornest para a pintura, escultura, exposição, e Onesto para o grafite?

Sim. Para separar as duas áreas. Quando aceitei expor em uma galeria, ainda que tenha levado novos materiais, sabia que as pessoas queriam ver elementos do meu grafite. Confesso que isso me incomodava. Hoje lido de outra forma.

Tanto que é curador da CAP.

Sim. Foi convite do Alberto Hiar (diretor executivo da Cavalera). Na Cavalera Art Projects, além de mostrar o trabalho de jovens artistas. Atraímos jovens que não são frequentadores de museus. É uma troca instigante.

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