Animada, Karina Buhr enfrenta frio e problemas estruturais na Virada

Falta de segurança atrapalhou as apresentações do Palco Libero Badaró

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A baiana Karina Buhr pareceu detestar o palco em que se apresentou na Virada Cultural. Subiu tímida ao Líbero Badaró, quase quarenta minutos depois do horário previsto, e reclamou. "É muito longe meu povo. E ainda estou levando choque", brincou, comentando a altura do palco em relação ao público. "Estou muito distante de vocês, mas vamos nessa", disse antes de engatar Mira Ira, do álbum Eu Menti Pra Você. O público assediou a cada pausa entre canções: "linda, maravilhosa!". Fiéis, repetiram cada estrofe do repertório que contemplou os dois álbuns da carreira solo de Karina, Eu Menti Pra Você (2010) e Longe de Onde (2011). A faixa que dá título ao primeiro álbum foi a que mais empolgou, logo no início da apresentação. Outro destaque foi a música A Pessoa Morre que fez todos dançarem. "A nova voz da MPB", como tem sido chamada desde que caiu nas graças da mídia especializada, não esbanjou extroversão, mas garantiu carisma. Sua performance resume-se a dancinhas divertidas e toques de sensualidade em músicas como Pra Ser Romântica, a quinta da noite. Garante os aplausos, no entanto, com seu sotaque característico, a voz doce e letras curtas com mensagens ora diretas, ora interpretativas. Seu suor / Vira sofá / Cadeira / Mesa de centro / Ou não vira nada / Vale nada / Vira vento, diz a cantora nos primeiros versos de Vira Pó.Problemas. Fator que comprometeu o show de Karina Buhr e de outros artistas no Palco Líbero Badaró foi a falta de segurança. Um adolescente foi visto pela reportagem oferecendo drogas a poucos metros de uma base móvel da Polícia Militar, na rua que dá nome ao palco.O jovem anunciava em voz alta aos que se aproximavam: "tenho pó e maconha, é só pedir". Todo o percurso até a via também foi marcado, informaram policiais militares, por arrastões. Não muito longe dali, próximo ao Largo São Francisco, uma bomba de gás lacrimogêneo foi atirada contra o público, que dispersou rapidamente. Guardas civis que estavam perto do local disseram não ter responsabilidade sobre o ato, que atribuíram á PM. Policiais militares também negaram. Desde a rua São Francisco, um homem armado foi perseguido por dois PMs, que conseguiram abordá-lo e prendê-lo na Rua da Quitanda, a 200 metros de onde foi visto. Segundo os policiais, ele portava uma pistola calibre 38 e diversos celulares que o rapaz teria roubado durante a noite. Não houve troca de tiros. O caso foi encaminhado ao 1º DP.Transporte. Houve ainda dificuldade para se locomover no local. Ao contrário do que foi amplamente divulgado, a estação de Metrô São Bento não funcionou sem interrupções. Com as grades fechadas ainda por volta das 6h, o público precisou caminhar a pé e houve até quem dormisse nos arredores da estação. O espaço estava inacessível para carros devido à movimentação de pessoas.Palco Roosevelt. O centro de São Paulo retomou o saudosismo e uma clima festivo pouco comum a esta região na Praça Roosevelt. Ali o público pode assistir às apresentações circenses, desde musicais a malabaristas. Por volta das 3h, o Trio Mix Cabaré garantiu aplausos. Em uma mistura de banda ao vivo, teatro e malabarismo, o público aplaudiu as artistas penduradas em um arco nas alturas, enquanto o protagonista tocava uma versão de New York, New York no trompete, acompanhado de outros músicos. Na sequência, O Mundo dos Irmãos Becker roubou a atenção de todos. Mais intimistas, abandonaram o palco e pediram a todos que formassem um círculo. A dupla simpática logo conquistou todo o público, que ri como criança com o movimento dos malabares e os trejeitos desengonçados dos artistas. As músicas típicas de circo completam o clima. Todos ficaram hipnotizados. Um deles equilibra cinco bolas de cristal com apenas uma mão. Em outro momento, pedem que alguém da plateia fique parado para que lancem espadas de um lado a outro. A apresentação foi breve, mas talvez uma das melhores da noite.

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