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Artista plástico Vik Muniz inaugura exposição 'Superfícies'

Mostra reúne 22 trabalhos inéditos do artista, feitos a partir de obras de arte de diversos pintores

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Foto do author Thaís Ferraz

Há três anos sem expor individualmente em São Paulo, Vik Muniz retorna nesta quinta-feira, 24, com a exposição Superfícies. São 22 obras inéditas que exploram limites entre fotografia e pintura, partindo de obras abstratas de outros autores. Paralelamente, a exibição ocorre também em Nova York. 

O artista plástico Vik Muniz Foto: Hélvio Romero/Estadão

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As obras que compõem a série são resultado de quatro anos de investigação, conta Muniz. “Comecei a identificar o fenômeno da ‘trivialização’ da fotografia, como ela passou a se tornar cada vez mais imaterial, acessível e popular”, explica o artista. Foi na relação entre o meio e o suporte físico – ou a não existência dele – que Muniz encontrou uma questão essencial. “Essa popularização faz com que nós tenhamos uma relação diferente com o mundo. Ela já está reformulando a maneira como nos relacionamos com as coisas”, explica.

Os trabalhos de Superfície foram construídos a partir de obras abstratas de diferentes pintores e origens. Waldemar Cordeiro, por exemplo, tem a obra Ideia Visível, de tinta e massa sobre madeira, revisitada em Leque, A Partir de Waldemar Cordeiro, produzida em impressões de jato de tinta em papel archival montadas em camadas. 

'Leque a partir de Waldemar Cordeiro', de Vik Muniz Foto: Erika Mayumi

São cópias, nas palavras de Muniz, mas diferentes, muitas construídas a partir da memória, e acrescidas de camadas. “Eu fazia fotos e comecei a vê-las inseridas em um universo de outras fotografias”, diz ele. “Como você vai conseguir criar imagens fotográficas que saiam desse background, desse fluxo imagético que nos inunda dia a dia? O que diferencia uma imagem dentro do contexto artístico é a capacidade de fazer a pessoa pensar na maneira que ela vê as coisas.” 

'Sem título, a partir de Ad Reinhardt', de Vik Muniz Foto: Erika Mayumi

A escolha dos artistas e das obras que servem como ponto de partida para os trabalhos de Muniz é também subjetiva. “Eu trabalho com imagens com que tenho uma forte afinidade intelectual”, explica o artista plástico. “Nessas duas exposições (em São Paulo e Nova York), pude mostrar os pintores que mais gosto.”

O processo envolve descobertas. Mid-Winter A Partir de Agnes Martin, por exemplo, retoma trabalhos da abstrata canadense-americana em momento anterior ao minimalismo que se tornou marca do seu trabalho. Spring After Charles Demuth, exposta em Nova York, nasceu a partir de uma pintura que Muniz viu uma única vez, há 35 anos.

'Caligrafia a partir de Carla Accardi', de Vik Muniz Foto: Erika Mayumi

Para Muniz, a pintura sobreviveu a partir da ideia de superfície. “É o momento em que a mente, a criatividade encontram o suporte físico”, diz. “O encontro da tinta com o papel é um espaço muito interessante, um lugar para o artista pensar, e eu vivo nele. Toda a minha obra é baseada no momento em que uma coisa vira a outra.” 

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Vik Muniz – Superfícies. Avenida Europa, 655, Jardim Europa. Abertura: 5ª (24/10). Segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 15h. Até 14/12. 

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