McG já cansou de explicar por que se assina somente assim. "O nome é irlandês e, até onde me lembro, sempre fui identificado dessa maneira. Desde a escola já era McG." Ele conta por que assumiu o desafio de renovar a franquia O Exterminador do Futuro. "Os dois primeiros filmes são clássicos. Infelizmente, não posso dizer a mesma coisa do terceiro. Nossa proposta foi começar de novo, não do zero, mas de onde James Cameron havia abandonado a série. Ou seja, da guerra das máquinas." Ele conta que foi pedir a bênção a Cameron para fazer Salvação. "James me disse que se reservava o direito de gostar ou não do filme pronto. Eu lhe disse que também me reservava o direito de gostar ou não de Avatar. Ficamos amigos." Avatar, que estreia no final do ano - a tempo de ser indicado para o próximo Oscar? - é o novo filme do diretor que criou Terminator, o primeiro que ele faz desde Titanic, há mais de dez anos. Sam Worthington, que faz Marcus Wright, o humanoide de Salvação, está em Avatar. "É tudo conectado", diz McG. O diretor explica por que gosta de construir os sets e não resolver o filme na pós-produção, com o acréscimo de efeitos digitalizados. "Num projeto gigantesco desses, é impossível fugir à digitalização, mas construir os cenários não sai mais caro do que usar o ?blue screen? e o realismo é maior, principalmente para os atores. Acho que, para o espectador, também faz diferença saber se o que está explodindo é real ou virtual." Há uma private joke em A Salvação - Arnold Schwarzenegger, o Terminator original, volta como efeito digitalizado, desta vez para destruir John Connor. "E ele volta nu, como surge no primeiro filme", observa McG, que trabalha atualmente em dois ou três projetos e um deles é O Exterminador 5. "Já conversei com Arnold e, quando o filme for feito, ele já terá terminado seu mandato (como governador da Califórnia). Arnold me prometeu voltar ao set." McG quer fazer dele o cientista que cria os exterminadores à sua imagem e semelhança. O diretor comenta o fanatismo dos tietes, que, antes mesmo que o filme fosse concluído, já criticavam suas mudanças na série. "É muito preconceito condenar antecipadamente qualquer approach diferente. As pessoas deviam esperar pelo filme para criticar." McG não parece preocupado com a bilheteria de O Exterminador 4 nos EUA - no primeiro fim de semana, o filme ficou abaixo de Uma Noite no Museu 2. "Faço filmes e espero que sejam vistos, mas quem se ocupa da venda é outro departamento." Sai McG e entra na suíte do Hotel Plaza Athenée o garoto Anton Yelchin, que faz Kyle Reese. Ele está nos cinemas como o Chekov de Star Trek, de J.J. Abrams, que também renova a franquia famosa. Além de simpático, o russo-norte-americano Yelchin, de 20 anos - nasceu em São Petersburgo, em 1989 -, é cinéfilo de carteirinha. Boa parte da entrevista é consumida falando sobre Michael Haneke, que ganhou a Palma de Ouro deste ano, por A Fita Branca. Yelchin analisa o voyeurismo em Haneke com mais lucidez do que muito crítico. E ele adora Andrei Tarkovski, embora, neste caso, sua origem russa talvez o predisponha à adesão.