Carlitos, o andarilho criado por Chaplin em 1914, de fraque, bengala e olhar melancólico, acompanhou o ator como uma sombra, um duplo a lembrá-lo que, enquanto enriquecia com seus filmes, outros Carlitos enxotados pelo mundo vasculhavam latas de lixo em busca de comida. Chaplin, esquerdista perseguido nos EUA pelo macarthismo, teve de buscar refúgio na Suíça após ser barrado pelo Serviço de Imigração americano. Poderia ter se retratado, mas mandou às favas as autoridades. Viveu no exílio, celebrado como Carlitos, que ganhou até um poema de Drummond como recompensa.