''Super-heróis se prestam hoje a filmes de Hollywood''

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Por Redação
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Você foi muito crítico em relação à religião no seu livro. Teve problemas com esses pontos de vista? Não, não tive. Não penso em Retalhos como crítico. Tentei tratar da espiritualidade em nível muito pessoal. Sinto a mensagem de Jesus como de amor e aceitação, sem julgar os outros. E reconhecendo a divindade em cada um de nós. Isso é parte do que trato no capítulo final do meu livro - hebreu e aramaico são linguagens complexas, com um inerente mistério de significado em suas interpretações. Após a morte e ressurreição de Cristo, Maria e os discípulos demoraram para reconhecer o Cristo reencarnado, e acredito que sua revelação foi a essência de Cristo e a beleza do divino que existe em cada ser vivente. Você é um ilustrador. Nunca recebeu propostas para entrar na indústria de comics e desenhar personagens de série, como super-heróis? Um par de projetos me foi oferecido por editores de super-heróis, mas eu achei que não teria paciência para ilustrar histórias de outras pessoas. O ato de desenhar é tedioso - especialmente os elementos técnicos. E parece que os super-heróis tiveram seu suporte limitado. Atualmente, super-heróis se prestam mais para uma ridícula explosão de filmes de Hollywood, e os quadrinhos se prestam a uma forma mais sofisticada de narrativa. Um resenhador definiu seu trabalho como "um autor de obras adultas para colegiais". O que acha dessa definição. Não me importo de ser rotulado como autor para leitor jovem adulto, porque em minha companhia tenho artesãos pop como Judy Blume e mestres literários como J.D. Salinger. Contar histórias estimula sentimentos sobre todo tipo de assunto. Os temas óbvios, de fato, estão só na superfície. Mas, quanto mais fundo você lê uma história, pode se confrontar com o mistério puro da existência. Seu irmão Phil é muito presente nas histórias. Como ele recebeu o livro? E seus pais? Meu irmão ficou muito excitado com o resultado de Retalhos e disse que capturei nossas experiências com perfeição. Mas meus pais inicialmente ficaram chateados pelo livro e minha decisão de tornar nossas vidas públicas. Parece que eles superaram esse sentimento, se dando conta de que o livro não traz nenhum julgamento sobre suas personalidades. Atualmente, eles parecem orgulhosos do sucesso do livro. Viu o filme sobre Robert Crumb, de Terry Zwigoff? O que achou? Amo aquele filme. É o melhor trabalho de Zwigoff e um dos melhores documentários sobre um artista em qualquer meio. Mas os quadrinhos underground vieram um pouco tarde para mim. Confesso que os achava chocantes e vulgares, mas atualmente estou seduzido pela verdadeira sensibilidade do trabalho de Crumb. Você se interessa por política? O que está achando do desempenho do seu novo presidente? Estou grato por Obama tentar salvar a reputação da América. Ele está fazendo um bom trabalho, considerando-se a bagunça do sistema que ele tem de pôr para funcionar. Todos os governos e instituições do poder estão programadas para serem maléficas, e ele parece estar fazendo alguma diferença tentando mudá-las. Seu livro é bem emocionante, não raro algum autor fala que ele faz chorar. Que livro ou quadrinho recente fez você chorar? Quando terminei de ler A Leste do Éden, de Steinbeck estava em lágrimas. Fui ver a peça I Loved You So Long, com Kristin Scott Thomas, e terminei debulhado em lágrimas, assim como em Valsa com Bashir.

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