Há dois anos, a banda escocesa The View era uma das novas caras naquela lista do semanário NME que aponta os grupos que vão estourar no cenário musical. Logo depois, já estava indicada para os principais prêmios de banda-revelação no Reino Unido. A idade média deles era, então, de 19 anos. Abriram shows para Primal Scream e Undertones e, mesmo sem ter estourado propriamente (mas tendo conseguido angariar boa reputação no mundo do indie rock), The View desembarca em São Paulo para o primeiro festival Popload Gig, organizado pelo crítico pop Lúcio Ribeiro no Clash Club. O festival terá amanhã a dupla Matt & Kim, do Brooklyn (Nova York), e as bandas No Age e Holger. No domingo, será a vez do hypado The View e da Mickey Gang. The View traz na bagagem um disco fresquíssimo - Which Bitch? (Qual Puta?) produzido por Owen Morris, dos clássicos (What?s The Story) Morning Glory, do Oasis, e A Northern Soul, do Verve. Traz ainda colaboração com o também escocês Paolo Nutini. É seu segundo disco - o primeiro foi o bacaninha Hats Off to the Buskers (2007). Vindos da pequena Dundee, na Escócia, eles foram inicialmente apadrinhados por Peter Doherty, do Babyshambles. A banda tem Kyle Falconer (vocal), Steve Morrison (bateria), Kieren Webster (baixo) e Pete Reilly (guitarra). Ontem, estavam em Porto Alegre, de onde o líder do grupo, Kyle Falconer, falou ao Estado por telefone - eles tocarão sábado no festival Porto Alegre Rock City (Parc). Kyle Falconer disse que seu primeiro disco era mais punk, mais que o espírito rock?n?roll permanece no novo álbum, apesar de terem usado até orquestração (na faixa Distant Doubloon). "Estamos apenas indo adiante, e algumas ideias que eu tinha pediam esse som, servia para harmonizar as canções", disse o cantor, que credita influências a Oasis, Beatles, The Clash e Fleetwood Mac. Falconer já foi condenado por posse de drogas e acusado de estar bêbado demais durante um festival na Áustria, o Snowbombing. Depois de duas músicas, caiu e foi retirado do palco. O baterista, Webster, distraiu a turba enquanto pode. "Querem ouvir uma piada? The Fratellis. Boom boom!", disse, referindo-se à atração circense. Falconer diz que não estava bêbado. "Teve um colapso e desmaiei", conta. Mas acha que sua banda não é tratada com justiça pela imprensa especializada em geral. "Todo mundo acha que nós somos baderneiros e que vivemos metidos em problemas, mas não é toda a verdade. Qualquer um pode se meter nas encrencas em que nós nos metemos, mas eles dão destaque demais a isso." O cantor (que é a cara do Micky Dolenz, dos Monkees) já está cansado de falar sobre o título do disco, Qual Puta?. "Dei esse título porque era intrigante", explica. "Todas as canções são sobre gente de verdade. O título significa: "Sobre qual puta eu estou cantando e em qual canção?" Parece que a resposta está na letra de 5 Rebbeccas, que fala de cinco mulheres que são, em sua maioria, junkies. "Somos apenas alguns ?gadgies? de Dundee", disse ao Times de Londres o baterista Steve Morrison, deixando transparecer seu apego pelo torrão natal - gadgie, expressão típica escocesa, pode ser traduzido como o nosso "cara"). Falconer tem a verve dos legítimos rock stars. Um repórter perguntou a ele outro dia o que achava de estar na lista das bandas mais cool do NME. "Couldn?t give a shit", respondeu simplesmente. Serviço Popload Gig. Sáb., Matt & Kim, No Age e Holger; dom., The View e Mickey Gang. Clash Club (500 lug.). Rua Barra Funda, 969, 3661-1500. Sáb., 20 h; dom., 21 h. R$ 40/R$ 100