Biblioteca Nacional, sob o comando de Pedro Correa do Lago

O Livreiro e marchand Pedro Correa do Lago foi o escolhido pelo ministro da Cultura Gilberto Gil para o cargo de diretor da Biblioteca Nacional

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O marchand e livreiro Pedro Correa do Lago, agente da empresa de leilões Sotheby´s no Brasil, vai dirigir a Biblioteca Nacional (BN), no Rio de Janeiro, a convite do ministro Gilberto Gil e do Secretário do Livro Waly Salomão. "Sou usuário da biblioteca há 30 anos e tenho orgulho dela, das coleções fabulosas, do prédio lindo", disse Correa do Lago hoje, falando à reportagem por telefone, de Paris, onde está fazendo pesquisas para o catálogo raisonnée que faz da obra de Frans Post - todos os 160 quadros. Ele chega ao Brasil na semana que vem para assumir o novo cargo. Conselheiro da Fundação Bienal de São Paulo e ativo agitador cultural - estuda e coleciona desde charges políticas a publicações raras -, o marchand vem de um antigo ramo político: é neto do diplomata Oswaldo Aranha. Mas nunca exerceu cargo público na vida. Agência Estado - É possível fazer circular, dar maior visibilidade ao acervo de obras raras da Biblioteca Nacional? A BN possui site na internet que dispõe o acervo de 9 milhões de documentos. Pretende aperfeiçoá-lo? Pedro Correa do Lago - É possível. A informática é um poderoso instrumento para nacionalizar de fato o acervo. Mas é claro que um site sempre merece ser aperfeiçoado. A Biblioteca possui obras como a "Bíblia" de Mogúncia, datada de 1462, e um dos primeiros livros impressos no mundo. Dizem que o pesquisador "deve apresentar uma razão muito forte" para ter acesso a um documento como esse. É possível estabelecer uma política nova de edições fac-similares de trabalhos assim? Nenhuma das grandes bibliotecas do mundo dá acesso livre aos seus tesouros. Há restrições e é compreensível. A "Bíblia" de Mogúncia não duraria muito se fosse submetida a manuseio. Talvez a solução não seja edições fac-similares, mas a informática - dispor imagens de alta resolução dessas obras mais raras, os ´cimélios´ da coleção. Eu nem sei se o interesse do público são esses cimélios, tenho a impressão de que não são. De qualquer modo, sou completamente favorável à divulgação. A questão é estabelecer o que é realmente prioritário. Qual é a informação que o sr. tem sobre a BN e como o sr. a situaria entre as bibliotecas da América Latina e do mundo? É a instituição cultural mais antiga do País, existe desde a chegada de d. João VI. É provavelmente a mais importante da América Latina. Recentemente, fui consultor de um projeto de Lilia Schwarcz, selecionando os livros mais significativos dessa biblioteca. Me sinto à vontade com o acervo da BN, com suas gravuras e as fotografias do século 19, e acho que o desafio é mantê-la sempre atualizada. Conservar o que já existe, investir em segurança, ampliação constante do acervo, catalogação e organização, comunicação ao público e contato com outras instituições. Tudo isso pode parecer lugar-comum, mas é uma cartilha da boa gestão de uma biblioteca. Ouvi dizer que a BN ainda não possui um espaço para exibir seu acervo. O sr. sabe sobre essa situação? Tenho visto exposições importantes do acervo, como a recente exibição dos documentos relativos aos 500 anos, e achei satisfatórias. Acho que pode haver uma certa dificuldade em fruir o acervo, mas é cedo para que eu me manifeste sobre essas coisas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.