‘Entre Montanhas’: Quando uma história de amor encontra o terror de ficção científica

Novo filme da Apple TV+, que estreia nesta sexta, 14, acompanha casal que precisa lutar contra um perigo assustador e desconhecido

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Foto do author Daniel Silveira

Dois atiradores de elite, um homem e uma mulher, especialistas em matar, conhecidos por suas habilidades com armas, são contratados para um trabalho ultra-secreto. Eles não fazem ideia de quem vão enfrentar, nem quando. A única coisa que sabem é que tomarão conta de um vale em um lugar desconhecido, cada um de um lado, e que não estão autorizados a entrarem em contato um com o outro.

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Esse é o ponto de partida de Entre Montanhas, novo filme da Apple TV+, que estreou nesta sexta-feira, 14, na plataforma de streaming. O longa traz a atriz Anya Taylor-Joy, famosa por O Gambito da Rainha e Furiosa: Uma Saga Mad Max, dividindo a cena com o ator Miles Teller, de Whiplash: Em Busca da Perfeição e Quarteto Fantástico.

O romance dirigido por Scott Derrickson chegou à plataforma no Valentine’s Day, o Dia dos Namorados em países do Hemisfério Norte. A história de amor entre Drasa (Anya) e Levi (Miles) é curiosa, primeiro porque nasce com os dois a alguns metros de distância, com um vale inóspito. E, depois, porque eles vão enfrentar perigos desconhecidos para salvar o mundo e suas próprias vidas.

A química do casal é visível desde os primeiros flertes. Durante as gravações, no entanto, o casal filmava separado. “Quando estávamos ensaiando para este projeto, Annie e eu deixamos muito claro um para o outro que estaríamos presentes fora das câmeras todos os dias”, comenta Miles sobre como os dois fizeram para construir o clima de romance do casal.

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Miles Teller (esquerda) e Anya Taylor-Joy vivem casal que enfrenta perigos desconhecidos em 'Entre Montanhas'. Foto: Apple TV+/Divulgação

Eles contam que, apesar das dificuldades do processo - como os personagens estão separados por um vale, as gravações exigiram pouco contato durante entre os atores -, não foi tão difícil criar uma conexão. “Felizmente, Annie e eu já éramos amigos antes desse projeto, nos conhecíamos há vários anos, então havia um certo nível de conforto, o que sempre ajuda”, diz o ator.

“Acho que também existe um respeito pelo profissionalismo um do outro. Sempre soube que Miles daria 110% mesmo que eu não estivesse lá, e sinto que ele pensava o mesmo de mim”, complementa a atriz. “Acho que a parte mais exaustiva dessas cenas na torre foi segurar aqueles cartazes tantas vezes”, diz Anya, dando um pequeno spoiler de como as personagens trocam as primeiras mensagens. Eles estão isolados do mundo, sem chances de comunicação. A única conexão que possuem é com uma central a quem devem passar informações uma vez por mês. Por isso, usam cartazes para conversar e se entreolham por meio de binóculos.

Produção da Apple explora diferentes gêneros cinematográficos

O longa escrito por Zach Dean não é um romance apenas. A história de amor é permeada por cenas de ação com toques de terror e mistério, tendo por trás um denso nevoeiro de ficção-científica - há muita névoa no tal vale que separa o casal.

Zach explica que a inserção do romance nas cenas de ação só se tornou possível graças ao contexto histórico dos personagens, que funciona quase como um prólogo no filme. “A chave é construir o passado deles antes da história começar. Mostramos momentos das vidas de Drasa e Levi antes dos acontecimentos principais, permitindo que o público crie empatia”, diz. “Dessa forma, quando eles se encontram, há um sentido de destino e conexão”, pontua.

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Em 'Entre Montanhas', Sigourney Weaver dá vida a uma mulher misteriosa e responsável por recrutar os melhores atiradores do mundo para manter um segredo assustador. Foto: Apple TV+/Divulgação

De fato, nos primeiros minutos do filme, que tem pouco mais de duas horas, somos apresentados a pequenos detalhes da vida dos dois. Além dos heróis, outra personagem tem papel crucial na história cheia de surpresas: Bartholomew, interpretada por Sigourney Weaver (Avatar: O Caminho da Água). Segundo a atriz, “uma executiva extremamente competente, excelente em avaliar pessoas e focada em atingir seus objetivos, uma mulher implacável, muito eficaz no que faz”.

Ao comentar as reviravoltas do filme - prepare-se para ter a sensação de estar numa montanha-russa de surpresas -, a artista compara a história com aquelas criadas pelo gênio do cinema de suspense Alfred Hitchcock. “O filme me lembrou muito Hitchcock, especialmente Intriga Internacional. Ele te leva para um lugar onde você precisa juntar as peças do quebra-cabeça. Gosto quando o público precisa trabalhar um pouco para entender a história", comenta a atriz.

“Senti que estava entrando em um universo cinematográfico completamente novo, com uma trama única e inesperada. Além disso, há um romance envolvente. É raro encontrar um filme que combine tão bem amor, horror, aventura e ação”, continua, deixando claro mais uma vez que esse não é um filme de um gênero, mas de surpresas.

A rapidez como a história flui pode assustar quem está acostumado a narrativas mais lentas. Entre Montanhas não dá muitas chances para o espectador cochilar na poltrona - a não ser que a pessoa canse fácil de tantas reviravoltas. Quando menos se espera, a história surpreende com mais uma informação que pode mudar toda a trajetória dos personagens. É como se o espectador estivesse no TikTok e cada vídeo que passa fosse um pedaço da trama, quase que perfeita para consumidores da nova geração, que não conseguem parar por mais de alguns minutos para ver um filme.

Drasa e Levi vivem uma história de amor em meio a cenas de ação e terror. Foto: Apple TV+/Divulgação

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Seria ‘Entre Montanhas’ um filme para a geração TikTok?

“Não pensei nisso dessa forma, mas não descarto essa possibilidade [de criar para esta geração]. Minha intenção era contar uma história universal sobre o amor, algo que transcenda qualquer era tecnológica. O filme tem um design intencionalmente sem tecnologia, e isso foi uma escolha deliberada”, comenta o roteirista, defendendo que este não é um filme para uma ou outra geração. Levi e Drasa, afinal, são como Romeu e Julieta com armas, mistérios tenebrosos e um plano para salvar o mundo; porém, tal qual o casal shakespeariano, são proibidos de se amarem.

Em meio a suas reviravoltas frenéticas, o filme visivelmente utiliza recursos de computação gráfica, especialmente em suas cenas de ação. No entanto, o diretor Scott Derrickson ressalta que muito do que se vê na tela existe, também, no mundo real -- e se afasta do uso de inteligência artificial, algo que tem sido bastante questionado neste momento entre os criadores de Hollywood, inclusive entre candidatos ao Oscar como Emilia Pérez e O Brutalista.

“Não usamos nenhuma IA e não teve tanto fundo verde quanto se imagina”, pontua Derrickson. “A maioria do que você vê são cenários reais. Há algumas extensões em fundo verde, mas quase todas as cenas que você está pensando foram filmadas em espaços físicos grandes e reais”, continua o diretor.

“O topo das torres e toda a sala em que eles estão foram realmente construídos como uma estrutura de concreto. Cerca de um terço do topo dessas torres era real, montado no estúdio. E no vale [onde, durante um momento, os personagens entram], todos os locais eram físicos, apenas com extensões de cenário [em fundo azul]. Esse é o melhor caminho”, defende o diretor.

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