Festival do Rio BR recebe "Bufo & Spallanzani"

Adaptação da obra de Rubem Fonseca, filme marca a estréia de Flávio R. Tambellini na direção, um projeto de cinco anos que custou R$ 2,8 milhões

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Por Agencia Estado
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Depois de A Grande Arte (1991), de Walter Salles, mais um livro de Rubem Fonseca chega às telas do cinema. Bufo & Spallanzani, com direção de Flávio R. Tambellini, não é uma adaptação fiel da obra que o inspirou. Mas como o próprio diretor explica, a história não perdeu a essência. "O filme é fiel a Rubem Fonseca", acrescenta. A afirmação tem fundamento. A primeira versão do roteiro foi escrita por Patrícia Mello, autora de O Matador e Inferno. Depois, Tambellini também acrescentou algumas novas idéias. E durante todo o processo, o próprio Fonseca foi dando palpites. Por isso, seu nome aparece nos créditos como um dos roteiristas. É a primeira vez que o escritor participa da adaptação de um livro de sua autoria. Como toda a produção brasileira, conseguir recursos para começar as filmagens de Buffo & Spallanzani foi um processo demorado. No total, Tambellini precisou esperar quase cinco anos para realizá-lo. "Muitas vezes, isso desanima. Mas eu não parei minha vida por causa disso, fui realizando outros trabalhos", conta. No total, a produção consumiu R$ 2,8 milhões. As filmagens duraram 7 semanas e aconteceram em setembro e outubro de 1999. Apesar de ser o primeiro longa-metragem que dirige, Tambellini tem uma vasta experiência no cinema. Produziu Terra Estrangeira (1995), de Walter Salles, Orfeu (1998), de Cacá Diegues, e Eu Tu Eles (2000), de Andrucha Waddington, entre outros. Foi assistente de direção de O Beijo da Mulher Aranha (1984), de Hector Babenco, filme que concorreu ao Oscar em 1986 aos prêmios de melhor filme, diretor, ator e roteiro. Também dirigiu os documentários Paraty: Mistérios (1989) e Visão do Paraíso (1994). Filho do jornalista, produtor e diretor Flávio Tambellini (1927-1976), o diretor já está acostumado a ser confundido com o seu pai. Além de ser um dos sócios da Conspiração filmes, tem a sua própria produtora: a Ravina Filmes. Tambellini confessa que é difícil rotular um gênero para seu longa. No cinema, a adaptação de Bufo & Spallanzani teve suas histórias paralelas concentradas em apenas duas. "É um thriller psicológico com uma mistura de gêneros. É um filme de ação sem ação", tenta explicar o diretor. "O grande mérito do Bufo é justamente o fato de que ele não copia nenhum tipo de cinema", completa. O elenco é formado por Tony Ramos, José Mayer, Isabel Gueron, Juca de Oliveira, Matheus Nachtergaele, Zezé Polessa, Maitê Proença, Gracindo Júnior, Milton Gonçalves, Otávio Augusto e Celso Frateschi. Dado Villa-Lobos, ex-integrante do grupo Legião Urbana, assina a trilha sonora. Tambellini não pensava em estrear na direção com Bufo & Spallanzani. Preferia filmar uma história criada por ele mesmo. Chegou a escrever dois roteiros originais mas a crise do cinema durante o governo Collor adiou seus projetos. Anos depois, concluiu que as histórias que escrevera haviam ficado ultrapassadas. Saiu em busca de um nova idéia. "A primeira vez que li Bufo & Spallanzani estava na universidade. Foi um livro marcante mas ainda não pensava em fazer uma adaptação. Quando reli o livro, achei a história que estava procurando", explica o diretor. Bufo & Spallanzani deve chegar ao circuito nacional apenas em março ou abril do ano que vem. Mas a estréia para o grande público acontece neste sábado, no Festival do Rio BR, na mostra Première Brasil, onde estará concorrendo ao prêmio de melhor filme brasileiro inédito, escolhido com base na votação do público. Tambellini acaba de voltar dos EUA. Ficou um mês por lá finalizando o filme a tempo de estrear na mostra. O diretor está preocupado com o lançamento de seu longa mas não cria grande expectativas. "É impossível prever se ele vai dar certo, se vai atrair público ou não". Paralelamente, Tambellini se prepara para produzir O Homem do Ano, filme de estréia de José Henrique Fonseca, filho de Rubem Fonseca, na direção. O roteiro desse novo projeto é baseado no livro O Matador, de Patrícia Mello. Dessa vez, Rubem Fonseca vai escrever a adaptação. Tambellini pretende voltar a dirigir um filme. Não sabe quando mas já tem uma meta em vista. "Dessa vez, vou filmar uma história minha. Quero fazer um filme bem contemporâneo e com elementos de comédia".

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