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Morre ator do cinema paulista Sérgio Hingst

Pelas mãos dos diretores Walter Hugo Khouri e Rubem Biáfora, Hingst se tornou um dos atores mais importantes da história do cinema paulista

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Por Agencia Estado
Atualização:

Ele não tinha physique du rôle para ser galã. Poderia ter sido relegado aos papéis secundários ou de composição, mas Walter Hugo Khouri e Rubem Biáfora cruzaram seu caminho e Sérgio Hingst virou um dos atores mais importantes da história do cinema paulista. Ele morreu ontem e, à tarde, foi enterrado em Sorocaba, cidade onde nasceu, em 1924. O curioso é que não parecia talhado para a carreira de ator. Em 1938, ao trocar sua cidade por São Paulo, o jovem Sérgio, então com 14 anos, veio trabalhar com um tio que possuía uma fábrica de massas. Aos 20 anos, tornou-se pequeno empresário e, atraído pela arte da representação, matriculou-se na Escola de Arte Dramática, a EAD. Não chegou a concluir o curso, mas descobriu sua vocação. Como ator, começou no teatro, na Bahia, fazendo uma peça de Tennessee Williams, Um Demorado Adeus. Passou pelo Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, e por essa via chegou à Vera Cruz, que tratava de implantar, em São Bernardo do Campo, um projeto de cinema industrial para São Paulo (e o Brasil). Em 1951, participa de dois filmes - Ângela e Tico-Tico no Fubá. Seguem-se Nadando em Dinheiro, Luz Apagada e, em 1954, Floradas na Serra. Em 1957, faz seu primeiro filme com Khouri, Estranho Encontro, e, no ano seguinte, o primeiro com Biáfora, Ravina. O resto é história. Sérgio Hingst participa de grandes filmes e não apenas desses dois autores. Filma com Luiz Sérgio Person, São Paulo S.A. e O Caso dos Irmãos Naves; com Rogério Sganzerla, O Bandido da Luz Vermelha; com Anselmo Duarte, Quelé do Pajeú; com Maurice Capovilla, O Profeta da Fome. Mas é com Khouri (Na Garganta do Diabo, Corpo Ardente, As Cariocas, O Palácio dos Anjos) e Biáfora (O Quarto) que Hingst estabelece a reputação de grande ator. Em alguns desses filmes - Nadando em Dinheiro, por exemplo - sua participação foi só por trás das câmeras. O que ele fez diante delas foi cortado na montagem. Foi coadjuvante de mais de uma centena de filmes, de todos os estilos e gêneros. Serviu a autores, mas também fez filmes de cangaceiros, comédias, dramas e pornochanchadas de qualidade duvidosa. Sobreviveu a todos. Chegou a tentar a direção - em Alucinada Pelo Desejo, baseado num conto de Guy de Maupassant, em 1978.

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